segunda-feira, 4 de junho de 2007

Não sei se já conversamos sobre isso antes, mas quando resenhamos uma obra, não temos o intuito de sermos críticos literários, com palavras complexas, usando da erudição para justificar a qualidade do texto e blá, blá, blás... Se você procura por isto, não encontrará aqui nas nossas dicas de livros. No início, copiávamos resenhas pinçadas da internet (sempre de livros que gostávamos muito). Depois, passamos a tentar escrever o que sentimos. Espero que nossas palavras despertem em todos o desejo de conhecer um pouco mais o livro em questão.

Isso tudo é para falar sobre um velho livro novo que descobrimos no Salão da FNLIJ: chama-se Ah! Mar (RHJ) e é o casamento genial do texto de Bartolomeu Campos de Queiroz com as imagens de André Neves. Não pense que é um livro infantil daqueles que a gente senta na livraria – repleta de crianças –, folheia rapidinho e já sai com a história na cabeça. De forma alguma!!! É um livro para se tomar em silêncio. Na praia, como uma taça gigante de sorvete num dia de verão. Deixe-o derreter e se desmanchar na boca. Sinta os sabores. Por fim, deixe que a matéria fique nos dedos, nos lábios e que até manche sua roupa. Certamente você levará consigo aquele sabor na memória. E aí, você guardará Bartolomeu e André para sempre no mundo da fantasia. E como diria o professor Bartolomeu (digo isso por que a cada encontro, ele nos ensina tanto...): a memória é sempre enganada pela fantasia. Por isso, desconfie da memória após a leitura de Ah! Mar. É capaz que, mesmo em Brasília – onde estamos agora – ou numa cidade qualquer do interior, você possa sentir o “perfume de maresia povoando o ar”.

O livro começa: “Longe do mar inventam-se oceanos”. A seguir, descreve os sentimentos de um menino do interior que, embora nunca tenha visto o mar, carregava-o consigo. Embora o tivesse em si, buscava-o ao alcance dos sentidos. André Neves conseguiu transformar as palavras de Bartolomeu em ilustrações magníficas. O menino é feito de mar. Conchas, peixes, ondas, barquinhos de papel, âncoras... povoam as páginas emprestando mais beleza ao livro – o que parecia impossível. Sim, conseguiram. Dois dias separaram o encontro dos dois no salão da FNLIJ. Mas em Ah! Mar, eles ultrapassam o conceito espaço-tempo. Estão eternamente juntos.

Um colherada do sorvete pra vocês: “Meu pai me mostrou uma fotografia dizendo ser um retrato do mar. Mas junto não veio o vento, não chegou o cheiro e menos ainda o canto. Não podiam ser o meu mar as águas aprisionadas em quadrado de papel. Meu mar não tinha margens e nem cabia dentro de mim. Ele era em liberdade, além do horizonte, e não suportava prisões.

Para finalizar, queria lembrar de outro livro delicioso, já resenhado por aqui. O BEIJO DA PALAVRINHA, de Mia Couto. O tema é parecido e as emoções são fortes. Velem à pena. Boas leituras!!! Até.

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito queridos ROEDORES (Ana/ Tintino), que bom que vocês voltaram! Inté. Edna

Anônimo disse...

A Toca dos ROEDORES estava num silêncio.... será que FESTAS aconteceram por lá.... tal qual festas dos castelos encantados... nas altas horas? será? Abraços literários. Edna Freitass