segunda-feira, 9 de julho de 2007

Farfalla: memória de elefante...

Não lembro bem quando foi a primeira vez que me encantei com as borboletas. Certamente foi na meninice. Férias escolares na fazenda. Mas aquele inseto multicor com um vôo engraçado sempre me encantou os olhos. Tempos atrás quis prender uma borboleta na nuca: tatuagem. Não tive coragem! Preferi encantar as orelhas. Tenho algumas prateadas que levo para passear vez em quando.
Na juventude, tive o privilégio de conhecer a coleção de mariposas tropicais de Victor Becker. Ele é o maior entomólogo do Brasil. Hoje, vive com suas preciosidades no interior da Bahia, onde preside o Instituto Uiraçu. Gente, tudo isso é para dizer que numa visita recente no Sebinho, reencontrei um livro que solidificou minha paixão por borboletas: A VIDA DO ELEFANTE BASÍLIO (Erico Veríssimo, Editora Globo).
O livro é originalmente de 1938, mas esta edição é de 1975. Conta a história do tal elefante. Nascido na Índia, passou por várias aventuras até chegar ao Brasil como personagem do Circo Lusitano. Depois de salvar uma criança de um incêndio, Basílio vira herói e passa a ter uma vida de príncipe até que sentiu uma vontade estranha: queria ser uma borboleta!!! Quando conheceu um anão encantado, Basílio teve parte do seu desejo atendido: continuou elefante, mas com asas de borboleta. A partir daí, nosso herói passa a descobrir o prazer de voar e entre tombos e decolagens parte para novas aventuras. Esta edição vem com ilustrações super coloridas da Vera Maria Mucillo.
Em 2005, como parte da comemoração do centenário de nascimento do autor, a Companhia das Letrinhas relançou este e outros títulos infantis de Érico Veríssimo como As Aventuras do Avião Vermelho e O Urso com música na barriga. Todos com ilustrações e projeto gráfico de Eva Furnari que deu tons pastéis ao Elefante Basílio. Assim como o paquiderme, eu também quis voar. Segui crescendo e voando nas palavras de Erico Veríssimo. Devorei Olhai os Lírios do Campo e Música ao Longe entre outras roídas adolescentes.
Hoje posso afirmar que a fantasia me ajudou a voar. Quedas e tombos sempre fizeram parte de qualquer aprendizagem. E, como diria Antoine de Saint-Exupéry no livro O Pequeno Príncipe: “é preciso ter paciência com as lagartas para conhecer as borboletas”.

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