quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Dia das crianças no Projeto - Parte II

Eu havia pedido à Juliana para contar Toda criança gosta (Bia Hetzel, com ilustrações da Mariana Massarani, Manati) pois queria que a turma se identificasse com o tema e ficassem ligados nas ilustrações para irrigar a imaginação e chover desenhos na oficina de artes que aconteceria a seguir. Aí aconteceu o que tem se tornado um hábito na nossa sala de leitura: A turma, empolgada com o livro, foi se levantando e chegando mais perto... Juliana lia uma frase e mostrava os desenhos da Massarani...
...Aí, um pediu para ler uma página... pausa para mostrar as ilustrações...
...A coisa foi virando brincadeira e o Jardesson pegou os óculos da Juliana e imitou aquele trabalho de mediação...
... por fim, quase todos leram um trecho do livro. Discutimos outras coisas que crianças gostam e o papo rendeu frutos. Naquele momento, vivenciamos o tal prazer da leitura... o coletivo estava ligado no livro encantado de Bia Hetzel e Mariana Massarani. Uma delícia, não é mesmo? Afinal, é para isso que saímos de casa todo sábado pela manhã!!!
Depois foi a hora de escolher o livro para o empréstimo. A foto acima revela três momentos especiais. O primeiro é a escolha dos livros na estante. Lá no canto superior direito, dentro da sala de leitura, as crianças escolhem o que desejam levar para casa. Depois, numa fila, entregam o livro para que possamos organizar o empréstimo. Mas percebam que na fila não acontece só isoo: no miolo, as crianças trocam informações sobre os livros que escolheram. Ponto para elas!!!

Dia das crianças no Projeto - Parte I

Preciso falar - MUITO - sobre o dia das crianças no Projeto. Nós comemoramos com a nossa turma uma semana depois, no sábado 20 de outubro. Chegamos na Pró Gente antes das nove e deparamos com um colorido especial que pinta o Distrito Federal de vermelho e laranja nesta época do ano: os Flamboyants estão floridos e, na foto acima, Lisianny, eu, Edna e Vilma estampamos sorrisos no vermelho daquela manhã.
O Tino pediu para ler dois livros para as crianças: o primeiro, O homem que botou um ovo (Daniela Chindler, com ilustrações de Lula, Paulinas) despertou a curiosidade na turma. O tema, universal e com uma prosa poética ritmada, deixou todo mundo atento à trama. Depois, Tino não precisou se esforçar muito para imitar a Dona Míúda, gorda personagem principal do livro Na Porta da Padaria (Ivan Zigg e Marcello Araújo, Scipione). O Ivan imita melhor (hehehe). Mas todo mundo curtiu a história e a "performance". É claro que abrimos o apetite com tantos pães, doces e salgados daquela padaria... huuummmmmm!
Juliana trouxe a Cecília Meireles para as crianças. Ops... textos da Cecília, é claro!!! Contou A Língua do Nhém e outros poemas do clássico "Ou isto ou aquilo"... mas ela trouxe um livrão com muitos poemas da Cecília... as crianças ouviram e participaram daquele drops poético e nós, sentimos saudade da nossa querida amiga Lúcia Borges que passeia tão bem pelos caminhos da poesia.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Sorrindo na chuva!!!

Quando Ana Paula e eu resolvemos juntar as estantes tive a certeza de que nossa paixão por livros alimentaria outras paixões afins. Lembro que no princípio eu fui o primeiro a me encantar com o acervo dela. Muitos livros de arte e uma quantidade infinda de títulos infantis e juvenis. Foi um período de descobertas para mim. Parecia um menino de 10 anos que acabara de ganhar seu primeiro videogame. Minha estante carregava a leveza dos poetas, o peso das biografias, a poeira dos clássicos. Parecia ainda mais sóbria e austera quando posta ao lado daqueles livros coloridos repletos de infância.

Eu ganhava uma nova família. Trazia comigo o desejo de dividir aquelas leituras com a minha amada, com seus filhos e com o meu Pedro. Ah, em nossa família temos dois Pedros. Aí a gente identifica assim: um meu, um teu, dois nossos. E ainda tem a Júlia e a Ceci. Quatro nossos! Ufa!!! Mas meu Pedro não mora conosco.

Um dos primeiros livros que me saltou aos olhos na estante da Ana Paula foi O MENINO QUE CHOVIA do paulista Cláudio Thebas (Ilustrações de Ivan Zigg, Cia das Letrinhas). Acho que aqui em casa e lá na casa do Pedro os meninos choviam demais. Fiquei encantado com o ritmo do texto. Tinha um quê de música ali. Todo escrito em quadras, o engraçadíssimo texto fala de um menino que, quando contrariado, chovia de verdade. Relampejava. Então, se tinha salada no prato, se algo não dava certo no futebol, se não faziam o que ele queria... o menino chovia.

"E todo dia era assim,
Uma chuva sem fim, chuvarada.
Por qualquer coisa-coisinha
O menino relampejava.
"

É claro que lá pelas tantas o autor reúne a família do menino e resolve a questão com muita criatividade, sem deixar o bom humor de lado. Adorei o livro. Fui a uma livraria, comprei outra edição e mandei para o meu Pedro pelo correio. Naquele ano não se falava em seca no Vale do São Francisco. Teve até umas chuvas torrenciais por aquelas bandas. Pedro chovia muito. Hoje ele vive sorrindo. Vez em quando baixa uma nuvenzinha, mas quem não fica assim?

O livro fala de uma criança mimada, chorona, birrenta, enjoada como muitas que vivenciamos por aí. Conta do sofrimento da família com aquela situação. Mas para quase tudo se tem solução. O tema é árido (!!!), mas o talento do autor e as ilustrações sempre cheias de graça do Ivan Zigg tratam do assunto com muita leveza. Particularmente acho delicioso lê-lo em voz alta. O som e o ritmo das palavras deixam o tempo mais ensolarado. Cheio de SONRISOS (sic).

Por aqui, a Júlia chove quando a janta é sopa. Pedro Bernardes chove quando não pode ver desenho e o Pedro Tino chove quando tem que dormir cedo. Mas é uma chuvinha de nada, inofensiva. Coisa de criança. Nada que cause uma inundação.


P.S. O Cláudio Thebas escreveu outro livro que nós gostamos muito por aqui, chamado Amigos do Peito (ilustrações da Eva Furnari, Formato). Mas a história deste livro eu deixo pra depois.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Tatianices com sorvete!!!

No último domingo, 28 de outubro, saímos no final da tarde para tomar um sorvete ao lado da Livraria Cultura. Ou saímos para um passeio na Livraria Cultura ao lado de uma sorveteria. Duas coisas gostosas que adoramos fazer. Para os que não conhecem, a Livraria Cultura é um lugar especial para os Roedores de Livros. Um lugar amplo, cercado de bons atendentes e ótimos livros. Ouço muita gente falar que agora não vai mais à livraria, que compra tudo por internet, pois geralmente é mais barato... enfim. Pode até ser. Mas eu e o Tino ainda preferimos o contato tátil, visual e olfativo com o livro. É uma relação de afetividade. De aproximação. Às vezes - como aconteceu ontem - namoramos por um tempo com determinado exemplar até que ele possa definitivamente vir para casa.
Mas não foram os livros que nos surpreenderam naquele fim de tarde. A Revista da Cultura, distribuída gratuitamente no interior da loja veio com CONTEÚDO SOBRE LITERATURA INFANTIL (assim mesmo, em caixa alta). Pegamos uma edição e saímos para o sorvete tão desejado. Mas o Tino não teve paciência para ler depois de mim e voltou à loja para pegar um para si. O sorvete ficou mais gostoso. Logo nas primeiras páginas uma entrevista com TATIANA BELINKY. Nas fotos e no texto da revista dá para perceber que mora uma criança no coração daquela sorridente senhora. Nos livros da Tatiana, então... A entrevista foi feita por Carlos Moraes. São quatro páginas de história e paixão por livros. Frases como "Profissão de criança é aprender, mesmo quando está brincando"; "livro que não dá pra rir, que não dá pra chorar e não dá pra ter medo não tem graça", curiosidades sobre seu encontro com Monteiro Lobato e muito mais.A reportagem de capa da Revista da Cultura chama-se Ler para ser: como os pais podem ensinar os filhos a amar a leitura. A repórter Andréa Barros ouviu crianças, pedagogos e nomes importantes do cenário da literatura infantil como Eva Furnari, Rubem Alves e Fany Abramovich. No miolo da revista a reportagem ganha outro título: O que toda criança gostaria que seus pais soubessem. Achei muito apelativo e o texto não consegue passar tudo o que o título sugere. Não é um manual de instruções, mas oferece algumas idéias para pais apressados e com boas intenções.

Difícil encontrar conteúdo interessante sobre literatura infantil fora dos livros teóricos e dos sites tão repletos de teoria. A grande mídia - lida, vista e ouvida por pais ansiosos por conhecer estas novidades - ainda se omite em fazer uma cobertura de qualidade. Para nós, a ótima entrevista com Tatiana Belinki num suplemento de uma loja de livros foi uma belíssima surpresa. Tornou nossa tarde/noite de domingo mais prazerosa. Parabéns a livraria Cultura pela iniciativa. Que continue assim. Caso não tenha uma loja da Cultura perto da sua casa, você pode acessar o conteúdo da revista clicando nos seguintes links:

Entrevista com Tatiana Belinky

O que toda criança gostaria que seus pais soubessem

Mas se a loja estiver ao seu alcance, passe por lá, passeie entre os livros, namore com eles e ouça com atenção... pode ser que algum livro queira ir para sua casa. Hatuna matata.

P.S. Aqui no Blog já publicamos dois posts acerca da Tatiana Belinky. Caso você deseje navegar por eles, clique aqui e aqui.

A foto da Tatiana publicada acima é de autoria de Iara Venanzi e foi scaneada da Revista da Cultura.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Fnac Brasília - 07 de outubro 2007

Pois é... chegamos ao segundo dia daquele fim de semana especial. O domingo na Fnac foi repleto de crianças que se aglomeraram com seus pais e avós para enfrentar aquela maratona de narrativas, canções e ilustrações.
O Tino e a Juliana, como bons anfitriões, abriram os trabalhos. As cores do Flicts, o cheirinho d'A Menina que queria ser gambá e outras especiarias foram devoradas por olhares famintos.
Ivan Zigg e Ana Terra trouxeram o UFA! para aquela tarde. Junto com eles a hilária história de Dona Miúda que ficou entalada Na Porta da Padaria. O casal desenhou e convidou a todos para uma canja no refrão do repente de Ivan: nham, nham, nham, nham, nham... Ana Terra desfilou alguns contos populares como O Sapo e o Boi e O Velho, o Menino e o Burro. Enquanto ela contava, Ivan desenhava a história ao vivo, arregalando a meninada que ia descobrindo as surpresas das histórias.
Ainda teve O Menino Que Chovia, texto genial declamado com bóias, guarda-chuva e muito talento. Ivan e Ana conquistaram as crianças e os Roedores de Livros. Saímos naquele domingo com a certeza da cumplicidade em divertir com qualidade. Ficamos com saudades. Queremos mais!!! That's all, folks!!! Ufa!

Fnac Brasília - 06 de outubro 2007

Aquela tarde estava especialmente gostosa para todos. Era o início de uma programação de 10 dias voltada para a criançada. Uma programação feita com esmero. Diversão e inteligência aliados. Riso solto no ar. Foi assim. Primeiro, Tino Freitas e Juliana Maria desenrolaram o novelo, tiraram o rabanete do chão, ensinaram o beijo da minhoca e fizeram ainda mais até que...
... entrou nossa convidada especial daquela tarde: Ana Terra. E desfilou talento, poses, caras e bocas contando a história de Zé Burraldo do ótimo livro Histórias de Bobos, Bocós, Burraldos e Paspalhões, de Ricardo Azevedo...
... finalizamos juntos cantando com os pais, avós e crianças. A canção? Ah... um tema universal que já vem no DNA do brasileiro: Felicidade, de Lupiscínio Rodrigues, conterrâneo da gaúcha Ana Terra. Pausa para água, livros e então...
... chegou Ivan Zigg com seu figurino impecável arrancando olhares curiosos em saber o conteúdo da sua maleta (a segurança da Fnac também quis saber... hehehe). Risos, muitos risos e, antes de dizer uma palavra, Ivan já tinha todos na palma da mão!!! Impressionante. A performance De A a Zigg mostrou não só o talento do ilustrador - que já conhecíamos - mas apresentou um Ivan contador de histórias, compositor e dançarino (hehehe) de mão cheia...
Ao final, a hipersupermegaaultra contagiante canção da caveira que pôs todo mundo de pé, dançando ao som da canção de Zigg, que ainda teve fôlego para uma seção de desenhos autografados... UFA!!! Ufa? Não, UFA foi só no dia seguinte, mas eu conto no próximo post.

P.S. A canção da caveira e outras criações bem bacanas estão no CD que Ivan Zigg está produzindo e que os Roedores de Livros ouviram de primeira mão. Úm trabalho gostoso de ouvir. Nota 10. Aguardem que em breve chegará para todos!!!

Impressões ZiggAnas Roedoras...

Já estamos no final de outubro e não mostramos os frutos das nossas atividades na semana das crianças... Então, vamos lá!!! Na sexta, dia 05 de outubro, acordamos com uma página inteira do suplemento Fim de Semana do jornal Correio Braziliense dedicada às apresentações de Ivan Zigg, Ana Terra e Roedores de Livros.
Naquela manhã, durante o café da manhã, sorrisos pela conquista e espectativa para um passeio inesquecível a Pirenópolis (GO) onde Tino, Ana Terra e Ivan recarregariam as baterias para os dias seguintes. Eu não pude ir mas, pelo que soube, a viagem foi rápida e rica em ótimas sensações.
Abaixo, um recorte do texto que fala sobre a apresentação Direto da estante pro alto falante zás trás num instante tem gosto de bombom em que a Juliana e o Tino desfilam histórias, canções e alegrias. Para ler as reportagens é só clicar nas imagens que elas aparecem num tamanho maior, legível.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

A rua está do lado errado...

Havia um pé de tangerina no meio do caminho. Havia. Não há mais.

Eu ADORO tangerinas. Desde pequenininha quando vim morar aqui tinha uma época do ano em que Seu Humberto (que morava em frente de casa) trazia baldes com tangerinas colhidas do pé que ficava no terreno da sua casa. Antes, eu namorava a florada branca, espiava os frutos verdes ganharem seu colorido e enchia os olhos de desejo. A boca guardava uma vontade que explodia num sorriso quando Seu Humberto chegava com suas tangerinas. Confesso que eu gostava de sentir no nariz o aroma e os respingos das cascas furadas por meus dedos ávidos por seus gomos. Ah, era uma farra deliciosa. O tempo testemunhou minha infância e adolescência e as visitas de Seu Humberto e suas tangerinas.
Nossa rua é formada por gente mais velha, que chegou aqui no início da construção de Brasília. Amigos de meu pai viram seus filhos crescerem brincando conosco. Uma rua solidária, como poucas em grandes capitais. Vez em quando alguém mais idoso diz adeus e parte para o lado misterioso da vida. Foi assim com Seu Humberto há uns dois anos. Ele já era viúvo. Na casa, ficou a saudade, o pé de tangerina e o Beto, amigo da minha meninnice, que herdou do pai a generosidade de deixar a cada safra um balde repleto da fruta para mim e os daqui. Foi assim por pouco tempo. Ao retornar de uma viagem de uma semana, descobri que o Beto vendera a casa e se mudara para um apartamento. Começaram a derrubar a antiga construção e a levantar uma nova. A rua se mobilizou. Queriam saber se o novo proprietário manteria vivo o pé de tangerina. Pelo jeito, não era só eu a apreciar os frutos. Cresceram os rumores de que a árvore mais antiga da rua sobreviveria àquela construção que brotava vertiginosamente em frente da minha casa. No fundo, ficava em mim o consolo de, se não iria mais provar os frutos, pelo menos namoraria as flores e as tangerinas com meu olhar guloso. Não foi bem assim. Num fim de tarde primaveril em que os Flamboyants coloriam Brasília com seus vermelhos e laranjas meu pé de tangerina de estimação foi arrancado. Suas raízes ganharam o solo da minha memória onde buscam nutrientes no meu olhar saudoso. Para fugir da tristeza entrei no mundo de saudades e sentimentos d'A CASA DOS BENJAMINS (Socorro Acioli, ilustrações de Daniel Diaz, Caramelo). O livro tem como personagens uma menina curiosa, uma casa amarelada pelo tempo e quatro benjamins (fícus benjamim). Não havia muro. Entre a rua e a casa, só as quatro frondosas árvores, guardiãs daquele lar. A menina quer conhecer a história daquele misterioso lugar. Compartilha com sua professora os medos, os sonhos. Ganha coragem e a companhia de uma velhinha simpática que a convida para conhecer os segredos da casa. Viaja no tempo.
Conhece um lugar repleto de árvores e peixes. Antigos personagens daquele mesmo lugar. Além da casa, a menina só reconheceu os Benjamins. Descobriu que a velhinha ao seu lado era a escritora Rachel de Queiroz. Conheceu a história por trás do mistério. “Quem deixa livros no mundo não morre nunca” diria Raquel. Mas a frase que eu guardei no coração foi a resposta para o motivo dos Benjamins no meio da rua: “Porque as árvores vieram primeiro, a rua é que está no lugar errado”. Ao fim do encanto com a visita e suas descobertas, a menina descobre que “tudo estava como antes. As casas com grades e muros. As árvores dentro das casas. As ruas asfaltadas e sem árvores. Os quintais sem açude, sem pomares, sem espaço para o vento passar”.
O livro é inspirado num espaço real. Uma casa em Fortaleza onde Rachel de Queiroz escreveuseu romance de estréia, O Quinze. As belas ilustrações de Daniel conversam com um fundo fotográfico e com as folhas dos benjamins de que fala a história. Dão ainda mais beleza às palavras de Socorro. Flagram a cumplicidade que os dois carregam. Ilustrador e escritora são, antes de tudo, amigos. Daqui de longe fico amiga dos dois por dividirem comigo esta história repleta de sentimentos. Fim do livro e eu também desencantei e dei de cara com a realidade. Minha rua parecia aquela com grades e muros. Agora, sem pé de tangerina. Alguma coisa me diz que a rua está do lado errado.
P.S. A primeira foto é o registro daquele entardecer sem o pé de tangerina. Depois, capa do livro da Socorro Acioli e detalhe de uma ilustração do miolo. Daniel Diaz é clicado numa performance ao vivo no Salão do Livro Infantil da FNLIJ e, por fim, Socorro e eu num momento de descontração em terras cariocas.

sábado, 20 de outubro de 2007

Pequena observação sobre o Dia Mundial do Poeta.

Dizem por aí que 20 de outubro é o dia mundial do Poeta. Queria deixar aqui a lembrança de um livro muito bacana que descobri recentemente. Chama-se Pequenas observações sobre a vida em outros planetas (Ricardo Silvestrin, ilustrações da Mariana Massarani, Salamandra). Não é nenhum lançamento e é repleto de grandes sacadas interplanetárias com a língua portuguesa. Em suas páginas, a poesia e a diversão estão casadas tanto no texto muito gostoso de Silvestrin quanto nas ilustrações moleques de Mariana Massarani. O autor visita os planetas Poft, Nasus, Gugus e Argh, para citar alguns. A ilustração abaixo corresponde ao Planeta Deserto.Difícil escolher um poema só, mas em virtude da data vou cair na obviedade de citar o PLANETA POESIA.

No Planeta Poesia,
quando um fala "Bom dia",
o outro diz "Como vai a tua tia"
Todo mundo é poeta,
do mais sábio
ao mais pateta.
Um simples "Boa tarde"
é seguido de "covarde",
"alarde", "arde".
E é isso o dia inteiro,
e é assim todo dia.
Só de pensar, me dá azia.

P.S. Conversando com a Ana Terra sobre literatura infantil, fiquei sabendo que este livro foi publicado antes pela Editora Projeto na coleção Rimas Tiras, com ilustrações do Gauzzelli. Essa coleção é genial. Tem outros títulos divertidos como Boneco Maluco, de Elias José.

Nosso parabéns a tantos poetas que plantam maravilhas para colhermos poesia. Viva a poesia todos os dias. Hatuna Matata.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

- Que bagunça é essa?

O sábado 06 de outubro foi um dia diferente no projeto. Primeiro porque continuávamos sem energia (mas isso não seria novidade). Depois, porque, mudamos a estrutura dos acontecimentos tradicionais. Recebemos vários convidados e por isso, não fizemos a mediação de leitura, mas ouvimos muitas histórias. Aldanei, Simone e Míriam, juntaram-se ao Tino e a Juliana para o último ensaio do Firimfimfoca antes da estréia na Fnac. Na platéia, além dos olhares atentos da garotada, Ana Terra e Ivan Zigg também se divertiam com as histórias de Sylvia Orthof e com as canções que o Tino preparou para cada uma delas. Nossos meninos estavam meio tímidos no início. Talvez a presença de Ana e Ivan. Talvez a presença das meninas do Firimfimfoca. A coisa foi demorando para engrenar quando, de repente, a porta do salão se abre subitamente e entra o Jardesson gritando: - Que bagunça é essa aí?... risos e a descontração de volta ao seio dos Roedores de Livros. O Firimfimfoca se mostrou forte, mas carente de alguns ajustes. Dicas que Ivan, Ana Terra e eu discutimos com todos ao final da apresentação.
Depois do lanche, tinha mais. Aldanei apresentou O Saco, história clássica de um livro do Ivan Zigg em parceria com Marcello Araújo. Nosso ilustre visitante adorou a surpresa e posou para o clique abaixo ao lado dos objetos que Aldanei utilizou na contação.
Nossos meninos e meninas gostaram das histórias. Na oficina de artes, fizemos barangandão (sempre um sucesso). Depois todos foram para casa brincando e com um livro emprestado. E foi assim.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Furando sombras, descobrindo labirintos...

Zubair nunca foi um bom corredor, as coisas é que correm. Muros correm, palmeiras carecas correm, minaretes, cercas, postes correm, um homem parado de muleta corre, janelas pegando fogo correm. Desta vez a sirene gritou só de implicância. Depois emendou num chiado, como um marimbondo preso no labirinto do ouvido. Zubair fez uma curva fechada e guardou o ouvido no bolso. Agora é correr.
Enquanto Zubair - o menino - corria, eu descansava os olhos em cada palavra do autor, cada ilustração. Zubair e os labirintos (texto e ilustrações de Roger Mello, Cia das Letrinhas) – o livro – exige cuidado. Cuidado no sentido de atenção. É um livro acima da média. O olhar é surpreendido pela forma, pelo enredo e por suas ilustrações. O livro são dois. Os dois são um. Mas não pense que ler Zubair e os labirintos é uma tarefa difícil como tentar sair de um labirinto. Zubair só pede atenção. Um lugar em silêncio para ouvir as bombas, o coração do menino, o medo da cidade que corre, corre, corre.
Zubair tem ainda suas entrelinhas. Fala sobre o histórico saque ao Museu de Bagdá nos dias da guerra. Peças de valor incalculável como vasos da Mesopotâmia, esculturas assírias de marfim, cerâmicas do cemitério real da cidade de Ur ficaram à mercê de vândalos e oportunistas. O menino Zubair corre, sobre os destroços se encanta com um tapete dobrado, toma-o para si e corre dos mísseis, de um soldado da coalizão e de um miliciano. Enfim, um lugar seguro para Zubair e seu precioso tapete. Hora descobrir que “desembrulhado uma duas três vezes, o tecido espesso abraçava um livro que se lia: Os treze labirintos”. Um susto!!! Eu havia desembrulhado o livro três vezes e descoberto outro: Os treze labirintos. Esperto esse Roger Mello. Esperto e surpreendente pois o novo livro convida para uma leitura inversa da ocidental. Não do texto, mas das páginas. Forma que o autor inventou para nos aproximar do universo de Zubair.
O novo livro apresenta os labirintos. Drops da genialidade do autor. O papel laranja guarda belíssimas ilustrações em preto. Eu diria que os labirintos estão nas palavras, mais que nos desenhos, embora alguns sejam as duas coisas. Eu adorei. O primeiro labirinto guarda um bom enredo. O terceiro foi escrito para o riso dos adultos – perfeito! O oitavo e o nono pontuam pela forma disforme (!!!). O décimo labirinto – o das sombras – é uma brincadeira com palavras ao melhor estilo Lewis Carrol. E por aí seguem os olhos de Zubair e os meus. Roger me faz rir com tantas descobertas. Será que tem mais? Onde estará o décimo terceiro labirinto? Bem, acho que dei atenção demais para o livro, estou viajando nas possibilidades. Descobri que quando a última página do livro laranja se encontra com o livro-tapete uma terceira história se completa. Putzgrila!!! Vou ler de novo.
É hora de guardar o ouvido no bolso para me encantar com o primeiro parágrafo reproduzido no início deste texto. Descansar os olhos nas ilustrações coloridas que mostram uma Bagdá em guerra (num estilo que lembra o lindo trabalho do autor no livro Meninos do Mangue). Descobrir o menino Zubair correndo entre as ruas repletas de destroços. “Zubair fura sombras enquanto corre”. Roger Mello deve furar sombras enquanto imagina suas histórias. Eu continuo procurando o décimo terceiro labirinto...

P.S. A primeira foto é a capa do livro, seguida do terceiro labirinto. Depois, Ana Paula brinca com os segredos gráficos de Zubair. Na última foto, Roger Mello apresenta o boneco de Zubair na Feira do Livro de Brasília (2007).

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Poeira das estrelas...

Domingo passado resolvemos desligar um pouco do mundo e ir ao cinema. Fomos assim, sem saber o que assistir. Várias salas destacavam o Tropa de Elite, mas, definitivamente não era esse tipo de filme o que procurávamos. Um cartaz que nos chamou a atenção foi o do Stardust – O mistério da estrela. No elenco, Michelle Pfeiffer e Robert DeNiro chamaram minha atenção. Em algum lugar estava escrito UM CONTO DE FADAS PARA ADULTOS. Sem dúvida alguma, aquela foi a nossa escolha.
O enredo repleto de tramas paralelas que se encontram aqui e ali só enaltecem o talento de Neil Gaiman autor do texto originalmente publicado como o romance ilustrado STARDUST. Gailman é o autor da série Sandman – uma pérola dos quadrinhos. Mas no nosso universo da literatura infantil teve publicado pela rocco dois títulos igualmente geniais: Coraline (que está em fase de adaptação para o cinema) e Os lobos dentro das paredes. Estes livros não protegem as crianças de sustos e arrepios. Vai muito além dos padrões. Gailman escreve contos de fadas sem os "cuidados" das adaptações que os tradicionais contos europeus sofreram de Disney. Mantém o susto e instiga a fantasia. Mas vou deixar os comentários dos livros para uma outra hora. Agora quero falar do filme.
Um mundo fantasioso está além dos muros do povoado de Muralha. Um rei no seu leito de morte dita a profecia que revelará seu sucessor. Três velhas feiticeiras se alimentam da juventude no coração de uma estrela. Um jovem apaixonado busca a prova do seu amor. Fura-neve é o nome de uma flor européia com pétalas brancas que deu o nome original do conto que hoje conhecemos como Branca de Neve. Esta e outras referências aos tradicionais contos de fadas (como uma carruagem parecidíssima com uma abóbora) aparecem sutilmente por toda a trama. Acho que não preciso dizer mais nada. Vão ao cinema. De preferência numa sessão mais tarde. A nossa, vespertina, foi dublada. Mas não diminuiu a atuação de DeNiro que surpreende como o capitão de um navio que navega no céu. Gostosas risadas. Por fim, não é um conto de fadas só para adultos. Levem as crianças. Aproveitem para, depois do cinema, passar numa livraria e comprar um livro do Neil Gaiman. Pura fantasia.

Uma simplicidade e uma beleza que espantam a tristeza...

Alguns livros carregam uma simplicidade e beleza que até assustam. Não podem ser assim tão bons! Podem, sim!!! Alguns dias são mais ímpares que outros. Plantam em nós uma semente de tristeza ou alegria especial, diferente, inexplicável. Foi num dia desses, ímpar, quase primo, que encontrei O Sapo Está Triste (Texto e ilustrações de Max Velthuijs, tradução de Mônica Stahel, Martins Fontes). Acho que estava com saudade. Um momento de extrema solidão. Daquela solidão que nem amigo, nem pai, nem mãe, conseguem resolver. Aquele nó na garganta. Lágrimas querendo fugir dos olhos sem saber como. Pois foi assim. Encontrei o livro também numa tristeza. Esquecido, ou melhor, espremido no meio de tantos outros, escondido na prateleira. Acho que esperava por mim. Saltou na minha tristeza. Fomos juntos ao café. Nas suas páginas, em frases curtas, diretas, a história de um sapo que estava triste, sem motivo aparente. Vontade de chorar. Uma tristeza aguda, imune aos afagos do ursinho. O amigo rato insiste, insiste, insiste até que... A história termina com o sapo rindo e cercado de amigos. Eu ainda estava no café. Minhas lágrimas não suportaram a força do livro. Derramaram toda a tristeza e embaçaram as lentes dos óculos. Respirei fundo, pedi outro café. Enxuguei a saudade e as lentes. Fui apreciar as ilustrações do autor. O livro é lindo também por seus desenhos. Têm a simplicidade e beleza de uma bela canção tocada num violino. De repente, eu também estava sorrindo. A saudade ficou presa no tempo daquela tarde. Eu, o sapo e seus amigos seguimos para casa onde saltamos vez em quando em busca de novos olhares. Não precisa estar triste para se encantar com suas páginas. Elas encantam por si. Eu é que desencantei da saudade. Ela chega vez em quando. Deixo ela ficar por um tempo, depois ela se vai. Os mais próximos percebem: “o Tino está triste”. Mas assim como no livro, me cerco de cores e amigos (pessoas, livros, discos), choro um pouquinho e volto ao “normal”. Alguns livros carregam uma simplicidade e beleza que até assustam.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Tino e Ana Paula por Ivan Zigg

Gente... hoje completou uma semana de atividades infantis produzidas pelos Roedores de Livros acontecendo na livraria Fnac Brasília e na Praça Central do Parkshopping (só hoje passaram cerca de mil pessoas por lá - entre pais, avós e crianças). Mas ainda vamos em frente até o domingo, 14. A programação prima pela qualidade e começamos com a presença de Ivan Zigg e Ana Terra sábado e domingo, 06 e 07 de outubro com os espetáculos De A a Zigg e UFA!, ambos com casa cheia, platéia atenta e feliz. Depois o Firimfimfoca, nossa homenagem a Sylvia Orthof foi apresentado para 200 crianças de escolas, creches e abrigos infantis. Na última quinta, uma sessão aberta ao público foi marcada por olhos e ouvidos atentos, risos soltos, gargalhadas e aplausos. Para começar a falar destes dias loucos de pouco tempo para dormir e escrever por aqui, destaco a ilustração acima que o Ivan Zigg deixou no nosso O Elefante Caiu. Eu e Tino de forma descontraída, felizes. Assim estão estes dias: risonhos. Cansativos também! Por isso, deixo um boa noite a todos e a promessa de em breve retomar as postagens. Muitas novidades vêm por aí. Hatuna Matata!!!

P.S. Quer bisbilhotar um pouco da visita de Ana Terra e Ivan Zigg no Planalto Central? Clique no Blog da Ana e no Blog do Zigg e procurem por lá.

Dia das Crianças...

Queridos amigos Roedores de Livros. Que a vontade de ser feliz e de fazer o outro feliz tão presente no dia de hoje se multiplique por todos os dias do ano. Queria deixar no ar o poema Desejos, de Léo Cunha, presente no livro Cantigamente:

Todo pivete gostaria
de ter o seu anjo-da-farda
e sua fada magrinha.

Um dia super para todos!!!
That´s all, folks.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Sol, crianças e livros!!!

O detalhe da pintura do Wesley, reproduzida acima, reflete o sábado, 29 de setembro. Aquele dia foi um marco no quadro de dificuldades que enfrentamos no dia a dia deste projeto voluntário, sem quaisquer outros incentivos fora uma vontade aguda de levar adiante nossa paixão por livros e crianças. Faltou luz!!! A energia elétrica da Pró Gente foi cortada depois de alguns meses sem pagamento. Desta forma, Néia teve que trazer água gelada de casa para o suco refrescante das crianças (e foi uma manhã quente). Isso para citar somente um dos contratempos daquela manhã. Os Roedores de Livros, que já haviam sido surpreendidos com a venda de algumas cadeiras plásticas, fomos agraciados com mais esta surpresa. Acho que não havia citado este fato antes tão explicitamente mas a Pró Gente passa por dificuldades. Não cabe a nós descortinar os caminhos que levaram esta OnG a tal destino. Temos só a agradecer pela acolhida em suas instalações. Esperamos que seja algo passageiro e que nossa parceria seja repleta de vitórias.
A Tita, nosso contato com a Pró Gente, apareceu por lá para falar pessoalmente sobre as dificuldades e caminhos em busca das soluções. Enquanto o projeto corria a meia luz, uma mesa redonda (com a Edna, a Irmã Mariazinha – tia do Tino que visitava o projeto -, e eu) ouvia com atenção as palavras da Tita. Da nossa parte, a Pró Gente pode contar com empenho, idéias e solidariedade. O desejo maior é que a entidade consiga se manter sem tanta dependência. O espaço é generoso e tem muita gente querendo ajudar. Mas para tudo temos que dispor de dinheiro. O vil metal – como no caso – falou mais alto que a vontade de ajudar. Por isso, acabou a luz elétrica. Mas nossa energia ganhou força. Seguimos contando histórias e fazendo a diferença.
Abrimos janelas, portas e a imaginação. Fez-se a luz no olho arregalado do menino que ouvia a história da Menina Luz. Fez-se mais luz no branco-marfim do riso moleque da menina que descobria Com a pulga atrás da orelha. A sala de leitura ficou ainda mais reluzente com O Ovo. Todas histórias ilustradas ou por Ana Terra ou por Ivan Zigg, que nos visitariam na semana seguinte.
A expectativa de receber os autores / ilustradores deixou acesa a imaginação das crianças que capricharam na pintura em tecido ocupando todo o espaço da tela (único pedido meu e da Vilma). Por fim, a íntegra da pintura do Wesley – que abriu este post – mostrando indiretamente que a lua, as estrelas e os faróis do automóvel podem - assim como a nossa vontade – iluminar o caminho que, parodiando a música gravada pelo Jota Quest, nos levará pra onde tenha sol. Completo: sol, crianças e livros!!! That’s all, folks!!!