segunda-feira, 21 de abril de 2008

1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás - Parte IV

Para coroar sua programação, a produção do 1º Salão do Livro Infantil e Juvenil de Goiás convidou Lygia Bojunga Nunes para encenar o monólogo Livro, de sua autoria. O auditório Lago Azul, lotado, parou para ver e ouvir a autora de clássicos da nossa literatura como A Bolsa Amarela e O Sofá Estampado. Laureada com o HANS CHRISTIAN ANDERSEN - o prêmio internacional mais importante da literatura para crianças e jovens – Lygia encantou a todos ao falar sobre suas paixões literárias. Foram seis. E aproveito a ausência de muros da internet para convidá-los a conhecer estes livros. Nada pode explicar a sensação de assistir a Lygia Bojunga neste monólogo. No palco, apenas uma cadeira como cenário. A escritora-atriz entra abraçada a um livro. Ela não encena. É mais que isso: revive suas paixões. Vamos a elas.

Tudo começou aos sete anos, quando Reinações de Narizinho acordou a imaginação da menina-futura escritora. Foi um encontro adiado, porém arrebatador para a criança que não se dava bem com tantos livros de princesas de mundos tão tão distantes. A brasilidade que permeia o texto de Monteiro Lobato encantou o olhar infantil de Lygia que se descobriu curioso pela literatura. Tempos depois, sua paixão foi por Raskólhnikov, personagem principal de Crime e Castigo, livro de Dostoievski. As angústias, as verdades, as ações daquele jovem estudante balançaram o coração da jovem Lygia. Mas a atmosfera dos contos de Edgar Allan Poe em suas Histórias Extraordinárias fez com que Dostoievski fosse descansar na estante e o escritor norte americano caiu nos braços apaixonados da adolescente.

A quarta paixão, Lygia não revela nem sob tortura. É inconfessável! Diz que foi um daqueles autores “profissionais” que seguem uma fórmula mágica para escrever seus livros e encantar seus leitores. A tal literatura barata. Foi uma longa paixão que provocou intrigas com uma amiga crítica literária que afirmava ao referir-se aos tais livros: - Isso é uma AZIA INTELECTUAL... Para curar só LENDO UM BICARBONATO! Não foi preciso. Um dia, ávida para beber da nova versão para a velha fórmula do tal autor, foi surpreendida por um texto diferente, quase uma descrição de uma viagem. A paixão acabou. Ufa!!!

Depois desta longa aventura, foi a vez da poesia encantar a moça. O livro Cartas a um Jovem Poeta de Rainer Maria Rilke foi uma paixão avassaladora. Seguia com Lygia por todos os caminhos. Iam ao cinema, aos cafés... Era companhia certa para um caso a três (Lygia, o livro e um jovem apaixonado). Foram meses até que num acidente, Rilke morreu afogado no arpoador.

Para curar a dor da perda, o jovem apaixonado apresentou os Poemas de Alberto Caeiro. Nada poderia ser mais atraente. Fernando Pessoa - o autor por trás de Caeiro - estaria para sempre atrapalhando aquela relação pois ambos, Lygia e o jovem, eram loucos pelo poeta português.

A vida seguiu, o jovem também se perdeu no tempo. Lygia pôde, enfim, apreciar Fernando Pessoa a sós. Outros livros passaram por seu olhar mas nenhum deles foi tão avassalador quanto estes seis. Lygia Bojunga termina exultando a paciência. Quando o assunto é literatura, não precisamos ter pressa. O livro sempre espera por nós para ter um caso com a nossa imaginação. Fim do monólogo. Cai o pano. Aplausos de pé. Estamos todos ainda mais apaixonados pelos livros. E, como se fosse possível, ainda mais apaixonados por Lygia Bojunga. Hatuna Matata.
Nesta última foto, Roedores de Livros e Lygia Bojunga, no Salão de Goiás. Um papo delicioso e o desejo de um reencontro em maio, no Salão da FNLIJ. Para ver mais sobre Lygia Bojunga em nosso blog, clique AQUI e AQUI.

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