sábado, 31 de janeiro de 2009

Firimfimfoca na Livraria Cultura (BSB)

Olá Pessoal,
Neste DOMINGO, 01 de fevereiro, às 17h, apresentaremos o espetáculo FIRIMFIMFOCA - Histórias de uma fada carioca, no AUDITÓRIO DA LIVRARIA CULTURA (CASA PARK - Brasília - DF). ENTRADA FRANCA!!!
No espetáculo músicas e histórias homenageiam a obra de Sylvia Orthof.
+ Informações pelos telefones 34104033.
Apareçam!!!

Quer saber mais sobre a firimfimfoca? Clique aqui!!!

Capoeira de surpresa!!!

Quando chegamos à Creche Comunitária da Ceilândia naquela manhã do sábado 06 de dezembro fomos surpreendidos por uma visita inesperada. Bem, inesperada, porém muito querida. É que o nosso "veterano" roedor de livros Jardeson (na foto acima, de camiseta azul) convidou o grupo de capoeira BERIMBAZU - que ele participa - para conhecer o projeto, nossas histórias e, é claro, para uma apresentação.

A presença dos esportistas deixou nossa turma agitada. Já havíamos recebido um grupo de capoeiristas antes (veja aqui) mas eram todos adultos. Neste novo grupo, crianças e jovens seguiam as palavras do Professor Bruno Henrique, que aproveitou para falar um pouco da história da capoeira e das suas virtudes enquanto esporte e ação de cidadania. Foi ele o prmeiro a contar histórias naquela manhã. Depois, a roda foi aberta e todos fizeram a sua exibição - inclusive a Deysiane (de azul, à esquerda) que também foi aluna do grupo.
O tempo passou rapidinho. O Tino fez a mediação com o livro A PROMESSA DO GIRINO (Jeanne Willis, ilustrado por Tony Ross, Ática) que inova na sua editoração gráfica, em que a leitura se faz de cima para baixo e não da esquerda para a direita, e ao abordar de forma simples temas como a morte e a transformação que sofremos na vida. As crianças não desgrudaram o olho das ilustrações maravilhosas de Tony Ross e a última página deixou em todos um "- Ahhhhhhh..." saindo meio torto da boca.
Depois, ele ainda leu A Morte e o Paxá e A Morte e o Fujão, duas histórias do ótimo CONTOS DE MORTE MORRIDA (Ernani Ssó, com ilustrações de Marilda Castanha, Cia das Letrinhas). O livro apresenta uma narrativa fluente para quem conta e não assusta o ouvinte. Pode-se pensar que se trata de um livro de terror, mas cabe na estante dos contos de esperteza onde figuram outros ótimos livros sobre o tema como CONTOS DE ENGANAR A MORTE (de Ricardo Azevedo, Ática) e SETE HISTÓRIAS PARA SACUDIR O ESQUELETO (Angela Lago, Cia das Letrinhas). Não é fácil escrever sobre este tema e parecer original depois destes dois livros. Contos de Morte Morrida faz parecer simples. No livro de Ernani, vale ressaltar as ilustrações de Marilda Castanha. São de uma originalidade que encanta. Desde a morte usando snorkel embaixo d'água (reproduzida na capa e no miolo), passando ao quase imperceptível marcador de livros de ossinho na página 8. Na medida para olho guloso de criança. Hatuna Matata.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Surpreende. Encanta. Conquista.

Lembro perfeitamente de quando conheci o Luís Dill pessoalmente. Foi nos corredores da Feira do Livro de Porto Alegre de 2008, numa tarde quente de sábado. André Neves nos apresentou. Ele estava ao lado da sua esposa e foi muito simpático. Parecia até incomodado com tantos adjetivos que recebeu do ilustrador pernambucano. Depois, a escritora Christina Dias se juntou ao grupo e trouxe consigo mais elogios. Eu quase me senti incomodado por não conhecer “O Cara”. Normalmente fico curioso para conhecer os autores dos livros que li e gostei. Naquele dia, a lógica foi invertida. Quis conhecer os livros daquele autor que me cativou com seu jeitão tímido.

Uma semana depois, quando voltei para casa, trouxe na bagagem Olhos Vendados (DCL, 2007) uma das indicações dos amigos para me introduzir na literatura de Luis Dill. O livro ficou descansando ao lado da cama, em meio a outros títulos até que o tempo casou com a curiosidade e abri a primeira página. Só consegui fechar o livro após a última página. E olha que ele nem ficou muito tempo assim pois Ana Paula ficou curiosa por me ver tão imerso numa leitura e também devorou suas 110 páginas num só fôlego.
O livro oferece uma trama misteriosa. Uma adolescente é sequestrada e toda a cidade se mobiliza para encontrá-la e punir seu sequestrador. A população acompanha o desenrolar dos acontecimentos através de um programa de rádio local pois o suposto vilão se comunica apenas com o radialista através de cartas. Quem é – de fato – a vítima? Porque não há pedido de resgate? Qual a real motivação do bandido? Será mesmo ele o bandido? Luís Dill quebra a estrutura normal da narrativa escrevendo sua história por meio das 20 cartas enviadas pelo sequestrador. O autor apresenta uma sociedade corrupta, onde os filhos da elite passam leves e impunes por sobre a balança da justiça. Mergulha no íntimo das motivações por que passa a mídia ao decidir divulgar ou não “a verdade”. O livro surpreende a cada capítulo e é impossível descobrir a identidade do autor das cartas até que o leitor alcance a última carta. E aí, é hora de se deixar surpreender mais uma vez. Uma grande história contada de forma magistral. Eu e Ana Paula ficamos fãs.

Não resisti e no dia seguinte mandei um email para Luís Dill:

"Pois é... A gente teve o prazer de te conhecer na Feira de POA. Aí, resolvemos trazer os Olhos Vendados para casa. Ele ficou ali, no meio de tantas outras "novidades" que vêm e que vão... até que na quarta e na quinta, eu e Ana Paula devoramos a sua cria. Maravilhoso!!! (com todas as exclamações). Ficamos curiosos por outros filhotes, mas, como sào tantos queria que você indicasse".

Foi então que ele sugeriu Todos Contra Dante (Cia das Letras), sua publicação mais recente. O livro já surpreende pelo formato incomum para títulos juvenis (22,5 comprimento x 15,5 cm de altura). Mas o autor foi muito mais além. Inspirou-se em um fato para escrever uma história sobre bullying escolar. O personagem Dante é vítima de agressões por seus “colegas”. Desde xingamentos velados e bilhetinhos ameaçadores até comunidades depreciativas na internet, chegando às vias de fato, quando o menino sofre uma agressão física que o leva ao coma. A sensação de impunidade parece rondar os agressores, adolescentes na faixa dos 13 anos. A omissão - da escola e dos pais - está presente em todo o livro. É impossível sair da leitura sem sentir pelo menos um incômodo no fundo do peito. É literatura da boa misturada com realidade. Aqui não há fantasia. Luis Dill disseca o falso moralismo e mergulha a ferida social num balde de merthiolate, com aquela fórmula antiga, que arde mas cura. Cura? Leitura recomendada a todos os jovens e também aos seus pais.

O texto, a exemplo de Olhos Vendados, foge da narrativa tradicional e aproxima o livro do universo virtual de blogs e comunidades povoados dos adolescentes. Não há um “modo de usar” explícito, mas também não me parece difícil de entender como o autor desenha seu enredo. A história acontece nas páginas ímpares, à direita do leitor. Ali, entre diálogos, confissões de Dante em seu blog e o coteúdo da comunidade Eu Sacaneio o Dante, há sempre um link que leva ao que está escrito nas páginas pares, à esquerda, contextualizando a história central: trechos de A Divina Comédia, recortes de situações passadas, as ameaças recebidas e até a citação da música Far Away, de Nickelback (um tema romântico de primeira para embalar casais adolescentes).

Gostaria ainda de ressaltar o projeto gráfico de Helen Nakao. As páginas de um azul quase cinza, as letras em tons de verdes e azuis e a diagramação “moderna”, a meu ver, aproximam ainda mais o livro do público adolescente. Na capa, ao fundo, uma sequência de dados binários nos remete sutilmente ao filme Matrix. No mínimo, uma produção ousada. Gostei. Mesmo. Muito. Um dos melhores que li em 2008.

Luis Dill consegue mais do que criar boas histórias. Olhos Vendados e Todos Contra Dante mostram toda a criatividade do autor em contá-las de um jeito incomum. Surpreende o leitor. Encanta o leitor. Conquista o leitor. Fui fisgado por seu texto. Tanto que agora vou sair para encontrar Tocata e Fuga (Bartrand Brasil, 2007). Dizem que este é voltado para o público adulto. Estou curioso para saber se Luis Dill continuará a me surpreender. Para falar a verdade, estou torcendo por isso. Hatuna Matata.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Pedro Tino e Pandolfo Bereba juntos, nos Roedores de Livros.

Quando Pedro Tino veio a Brasília pela primeira vez, aos cinco anos, ele já era um roedor de livros. A minha edição surrada de Bom Dia Todas as Cores (Ruth Rocha, com ilustrações de Alberto Linhares, Quinteto Editorial) que o diga. Por isso, aproveitando a prmeira visita do nosso caçula aos Roedores de Livros, naquele sábado 29 de novembro, levei o exemplar ainda com a marca dos seus dentes na borda (hehehe) frutos da sua leitura naquela primeira viagem. Fizemos a foto que você vê acima e foi esta a história que deu início à mediação.
Eu havia levado outros livros e aí sugeri a leitura de Pandolfo Bereba (Eva Furnari, Moderna). Ao ver a capa e ouvir o título, dois dos meninos disseram que não queriam aquela história. Porquê?, perguntei. - Ah, deve ser muito chata!
- Mas vocês não vão nem me deixar ler um pedacinho para decidir se é chata ou não?, insisti.
Pedi com todo o jeito para que eles me deixassem ler só um pouquinho, que eu estava certa de que iriam gostar muito. Mas a certeza de criança às vezes é teimosa. Enfim, outros se pronunciaram a favor e eu comecei a leitura.
O príncipe Pandolfo Bereba, está longe de ter o perfil que temos do príncipe encantado. Na verdade, é o mais "desencantado" possível. Feio de doer, adora falar mal dos outros e não aceita opiniões diferentes da sua. Desde a primeira página, a história já dominava a atenção de todos (inclusive daqueles dois relutantes) que participavam da mediação com exclamações sobre as atitudes do príncipe e com as ilustrações de Eva.
Enfim, a história foi um sucesso. Cheia de surpresas divertidas. Nada como um pouco de Eva Furnari para fazer cócegas na imaginação da criançada. Aliás, não só dos pequenos. Eva deveria ser lida por todas as idades. Hatuna Matata.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

365 Pinguins na geladeira dos Roedores de Livros!!!

1º de janeiro. Mais um ano começa. 365 dias para guardar as boas histórias na cachola e na estante. E por falar em primeiro de janeiro e em boas histórias lembrei que foi lançado recentemente um livro muito bacana. Daqueles que fica ainda mais gostoso quando a gente lê junto com os filhos, brincando com as possíveis janelas que cabem na mediação. Chama-se 365 Pingüins (Jean-Luc Fromental, com ilustrações de Joëlle Jolivet, Cia das Letrinhas) e é um livrão em todos os sentidos!!! Gigante no formato, mede 36 de altura por 28 de largura. O belo projeto gráfico usa e abusa de azuis e laranjas, além das cores da ave, é claro! E a história… bem, a história vem com um mistério que se agiganta a cada página.

No dia 1º de janeiro, a família das crianças Amanda e Téo recebem a visita de um motoboy que entrega uma caixa com um conteúdo intrigante: nada menos que um pinguim em carne e osso e penas!!! Ah, e desde hoje, graças ao novo acordo ortográfico, uma ave sem trema no nome. No embrulho, não há o nome do remetente, só um bilhete: “Sou o nº 1. Me deem de comer quanto eu tiver fome”. Até aí, tudo bem (se é que receber um pinguim em casa seja alguma coisa normal, mas se tratando de literatura e fantasia, tudo é possível). O problema é que a cada dia, chega mais um pinguim, e mais um e mais outro. A vida da família começa a se complicar quando janeiro termina (são 31 aves!!!).

O ano segue o seu curso e a família vai tentando acomodar o bando em pilhas de 15, em caixas com dúzias, num grande cubo com 216 (!!!) animais. Mas sempre chega mais um para desorganizar a vida de todos. Como alimentar tantos bichos? Como manter a casa limpa? Como organizar a hora do banho? Além da bagunça, o mistério persiste: quem estaria mandando as aves diariamente para aquele endereço? E por qual motivo? No fim do ano, a casa está um verdadeiro caos, com 365 pinguins ocupando todos os espaços e obrigando a família a passar o reveillon do lado de fora quando, enfim, tudo se explica. E depois do fim, sempre com um bom humor, o livro nos oferece uma surpresa que, no mínimo, nos arranca mais um sorriso.

O texto brinca com soluções matemáticas sem ser chato. E fala sério aos olhos e ouvidos de todos sobre um tema atualíssimo: o aquecimento global. A família de Amanda e Téo vivem um ano difícil depois que os pinguins foram morar na casa deles. Será que a gente não está ocupando e incomodando tantas outras “casas” por aí? A história é ótima, bem escrita e ilustrada, numa edição caprichadíssima. Originalmente publicada na França (terra que normalmente não abriga pinguins), o livro, agora editado em português, traz as aves aquáticas para mais perto do seu habitat natural – o Pólo Sul. Se você encontrar o bando por aí, numa livraria (preste bem atenção porque eles não cabem numa estante tradicional) não se incomode em convidá-los a conhecer o aconchego do seu lar. Além de não dar trabalho no mundo real, eles encantam, enfeitam e divertem. Pode crer. Palavra de roedor de livros.

1º de janeiro. Mais uma ano começa. 365 dias para guardar as boas histórias na cachola, na estante e sobre a geladeira. Porque não? Assim fizemos por aqui (veja a foto). Só espero que você não precise receber nenhuma destas aves via sedex. Mas se for este o caso, certamente ela virá com uma história intrigante, curiosa e cativante. Como a do livro 365 pinguins. Hatuna Matata!!!