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sábado, 16 de agosto de 2014

Zan e a euforia de completar a primeira minimaratona


Quando ZAN (Jean-Claude R. Alphen, Manati) chegou à Bibliotoca, nós festejamos! Nem sempre um livro guarda em si tantos segredos. Sabíamos da maior atenção que ele pedia ao leitor. Assim como maior seria a duração da história no coração de quem se esmiuçasse em suas páginas. Pois Zan é um livro “pra dentro”. Que conversa baixinho com cada um de nós. 

Geovana, Rahides, Vitória e Bruna descobriram Zan nas mãos do Tino já na saída da mediação desse sábado, 16/08. E quiseram descobrir seus segredos. Topamos. E aí veio a surpresa: o desconforto inicial (ou algo parecido com cansaço) - talvez por não saberem bem quem seria Zan ou pela narrativa singular da obra - ganhou cores novas no decorrer da leitura. Atenção maior aos desenhos.  Identificação com a coleção de cacarecos. Um não-sei-bem parecida com dúvida se estávamos na fantasia ou na realidade de Zan… até conquistarmos a frase final com aquela euforia de quem completou a primeira minimaratona: uma pequena dor no corpo e uma alegria gigante na alma. 

Depois, um pequeno silêncio. Alguém disse: “- Eu ADOREI esse livro!” Ouvimos ainda três “um-hum” de confirmação. E o livro passeou de mão em mão. Passava do meio-dia. Aí, Ana Paula gritou: “- Pessoal, é hora de arrumar a Bibliotoca!!!” E, após a arrumação, estamos certos de que cada um levou um pouco de Zan consigo. Um livro que, se a gente souber ouvir, conversa conosco. E cada um pode imaginar-se Zan. Brincar com ele. E construir a certeza de que esse é um livro especial. Em que o leitor não sai do mesmo jeito que entrou. Valeu Jean-Claude. Valeu Manati. Livraço!!! Os leitores do Roedores de Livros agradecem!!!

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Cadê? ... Achamos!!!

Essa semana chegou mais um livro super bacana na Bibliotoca: APENAS UM DIFERENTE - Você consegue encontrar? (Britta Teckentrup, tradução de Gilda Aquino, Brinque Book). Nele, duas quadras bem divertidas convidam os leitores para um desafio visual a cada dupla. E nossa turma se divertiu pacas nessa brincadeira de ler e encontrar o tal diferente. E quando a gente já estava se acostumando ao ritmo do livro, o final nos fez retomar toda a leitura. Super bacana. Adoramos!!! Um livro que fez a festa na bibliotoca do Roedores de Livros. 
CADÊ?
ACHAMOS!!!

terça-feira, 3 de abril de 2012

Opa, mas e a sopa?

Ontem, 02 de abril, foi o dia de celebrar a Literatura Infantil em todo o planeta. Escolheram essa data por que foi nesse dia que nasceu Hans Christian Andersen, o criador de histórias inesquecíveis como O Firme Soldadinho de Chumbo, O Patinho Feio e Os Sapatos Vermelhos (usando aqui os títulos do maravilhoso livro CONTOS DE HANS CHISTIAN ANDERSEN, traduzidos do dinamarquês por Silva Duarte, Paulinas). A minha história favorita desse autor chama-se A Menininha dos Fósforos. E a preferida de Maria Amália Camargo é A Princesa e a Ervilha.
Digo isso porque ontem o querido carteiro que nos atende com simpatia e presteza deixou um envelope pardo bem recheado com o novo livro da nossa talentosa amiga de ofícios (blogs e literatura infantil) intitulado A ERVILHA QUE NÃO ERA TORTA... mas deixou uma princesa assim (Maria Amália Camargo, il. Ionit Zilberman, Caramelo). O livro é uma releitura da clássica aventura do escritor dinamarquês e uma delícia para quem gosta de uma ótima história.

A história oficial você já sabe: uma princesa bate à porta de um reino vizinho numa noite chuvosa e, para confirmar a origem real da visitante - visto que o príncipe andava à procura de uma esposa -, a rainha coloca uma ervilha sob vinte colchões, cobertos com mais vinte edredons, no estrado da cama onde a princesa passará o resto da noite. Só uma princesa de verdade perceberia o incômodo causado pela ervilha.

O novo texto é divertido, cheio de frases bem sacadas, brincando com a língua portuguesa (forte identidade no trabalho de Maria Amália) e com rimas aqui e ali, embora escrito em prosa. Ótimo para ser lido em voz alta. A autora mudou aqui e ali o caminho natural da história, mas eu não vou estragar as surpresas.


O projeto gráfico também é uma boa surpresa. Aqui e acolá muda-se a fonte para destacar uma ou outra brincadeira no texto. A história - que num tratamento mais simples poderia repousar em 24 páginas - ganhou 32 páginas, capa dura e as ilustrações que eu A-D-O-R-O da Ionit, em que ela capricha nas colagens, nos tecidos, buscando sempre um ângulo original. E imagine o desafio de ilustrar uma história que já ganhou cores e formas no mundo inteiro? Pois ela conseguiu dar originalidade e um novo sabor visual para a história. Destaco a capa (veja com o livro todo aberto), a ilustração em que aparece o rosto da princesa refletido na água da chuva e a que ela está descendo da pilha de colchões.

Enfim, um livro para ser lido em todos os momentos, inclusive numa noite de chuva (como a que está caindo torrencialmente agora, em Brasília), deitado numa cama quentinha. Opa, mas e a sopa? Fica pra depois da leitura!!! Hakuna Matata!!!

domingo, 11 de março de 2012

Difícil é manter o segredo guardado...

Um dos encontros mais bacanas que eu vi, no Salão FNLIJ do Livro Infantil e Juvenil do ano passado, aconteceu fora da "programação oficial". Eu passeava pelos corredores quando vi os queridos e talentoso Leo Cunha e Salmo Dansa reunidos com a Irmã Maria Alexandre de Oliveira, no stand da editora Paulinas. Em torno deles, repousando ali na mesa, originais absurdamente belos de Salmo Dansa, que, na hora, fisgaram o meu olhar curioso de menino.

Na conversa descontraída, fechavam os acertos finais sobre a publicação do livro NUM MUNDO PERFEITO. Como diriam muitos, o livro foi criado "às avessas", pois o texto veio depois que Leo Cunha, em 2009, se desmanchou em poesia ao ver as pranchas do Salmo - feitas originalmente para um projeto que desandou (ainda bem).

Naquele tempo (junho de 2011) não se falava de cinema (para quem ainda não sabe, é outra das paixões do Leo Cunha), Oscar, Hugo Cabret, Georges Méliès, mas lembro que a nossa conversa (sim, eu já estava ali mergulhado nas pranchas e na conversa do grupo) passeou pelas referências claras aos trabalhos do artista francês (no Viagem à Lua) e de Antoine de Saint-Exupéry (O Pequeno Príncipe) nas ilustrações em preto e branco de Salmo.

Na excitação do momento, o jornalista que habita em mim falou mais alto. Saquei a câmera e pedi autorização para o clique acima, prometendo o mais difícil: só falaria do encontro e apresentaria a foto quando o livro fosse publicado. Antes tudo seria um segredo guardado a quatro chaves.

Ontem, Leo Cunha publicou a imagem da capa do livro, convidando a todos para o lançamento no Salão FNLIJ de 2012, em 28 de abril próximo. Ufa!!! Consegui cumprir a promessa.
Agora só preciso administrar os outros cento e sete segredos acercada Literatura Infantil e Juvenil que ora pesco com o olhar curioso, ora chegam por aqui sem avisar. Mas fiquem tranquilos. Só conto com a devida autorização!!! Hakuna Matata!!!

P.S. Não posso adiantar nada sobre o texto, pois não li o livro ainda. Esse post é mais para falar sobre o inusitado da criação, da beleza e da energia em torno do livro, tão latentes naquele encontro. Mas se eu fosse vocês, já reservava um exemplar para o próximo passeio à livraria pois - além das ilustras geniais do Salmo - a Paulinas tem caprichado em seus projetos gráficos e o Leo anda afiado com suas escrivinhaturas (vide os mais recentes Castelos, Princesas e Babás (Dimensão) e Ninguém me Entende Nessa Casa (FTD)).

terça-feira, 6 de março de 2012

Para quem gosta de mergulhar na história...

Quando eu era pequeno morei às margens dos rios Parnaíba e São Francisco. Morria de medo daquelas águas. Papai e mamãe iam sempre ali nos finais de semana, com os amigos e seus filhos que pescavam e brincavam. Eu, no máximo, banhava os pés e sentava o bumbum num plano seguro. Lembro que vez em quando meus pais conduziam-me pela superfície do rio montado numa bóia de câmara de ar de pneu. O coração batia forte, mas eu estava seguro nos braços do papai ou da mamãe. Mas faltava a coragem para mergulhar sozinho. Mas aos poucos, com a ajuda deles dava um ou outro mergulho, ficava um tempo sob a água prendendo a respiração e sentindo a água me abraçando por inteiro. E foi assim que o medo foi embora e fiquei mais e mais amigo do Parnaíba e do São Francisco.

Mas você, querido leitor, pode estar pensando:
- Mas esse blog não é sobre livros? Cadê a literatura?
Então vamos a ela.
Acho que com literatura também é assim. A gente começa meio sem saber o que fazer, põe um pé na água fria, bóia um pouco nas primeiras leituras e descobre como é bom mesmo quando começa a mergulhar nas páginas mais e mais fundo.
Quando a gente tem a ajuda de um mediador de leitura, tudo fica mais fácil. Ele pode escolher um bom livro, nos levar por suas margens, encontrar os caminhos mais seguros, onde ainda é possível "dar pé" e, por fim, perceber quando estamos prontos a nadar sozinhos por suas páginas.

Alguns livros são assim. Vão muito, mas MUITO além da superfície. Não são rasos. Apenas parecem rasos. Assim é QUERO MEU CHAPÉU DE VOLTA, do canadense JON KLASSEN, traduzido por Mônica Stahel e publicado pela WMF Martins Fontes. Repleto de frases curtas, diretas, que dialogam de forma absurdamente rica com as belíssimas ilustrações, o livro conta a história de um urso educado e extremamente gentil em busca do seu chapéu perdido. Não posso dizer mais. Mergulhem sem medo. Banhem-se nessa que, para mim, foi uma das melhores leituras do ano. Para crianças de todas as idades. Hakuna Matata!!!

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

No meio do preto e branco, coragem e ousadia!!!

Para um Roedor de Livros nada melhor do que encontrar uma surpresa deliciosa na livraria. E foi isso o que me aconteceu ontem. E ainda bem que sou curioso pois estava tudo bem embalado, sufocado no plástico. Não resisti ao convite recortado no olhar do lobo na capa e mergulhei no meio do preto e branco do livro LUA CHEIA (Antoine Guilloppé, Salamandra).

Aí foi só me render pela beleza e ousadia do projeto do mesmo autor de Lobo Negro. Mas aqui, há ainda mais elementos para a leitura. Explico. Nesse projeto, estre as páginas com texto, há sempre uma "ilustração" feita com recortes na página. Essa mesma página - num lado branca, no outro negra - faz um jogo de esconde-esconde com o texto que surpreende (veja a brincadeira com o texto da foto acima e como fica no passar da página nas duas fotos a seguir). É um desafio gráfico fazer tais recortes. E é preciso um editor com coragem para topar tamanha ousadia.

A história se passa numa floresta. É noite de lua cheia e algo incomoda os animais. Há um certo suspense no ar. Mas confesso que ele se perde em meio à beleza do livro. Uma experiência sensorial à parte. Para encantar crianças e adultos. Não me canso de entrar na floresta e tocar nos animais. Como um bom roedor de lirvos, saboreio com vagar tudo o que essa leitura tem a me oferecer.

Porém, a cada releitura deliciosa, uma inquietação cresce no meu peito: o autor é europeu e o livro (mesmo a tradução) foi impresso na China. Na dedicatória do livro, o autor oferece-o à quem acreditou na viabilidade do projeto. Então, gostaria de ver livros assim (boas histórias em projetos ousados) feitos por autores e ilustradores brasileiros, publicados originalmente em editoras "brasileiras". Com tanta criatividade à solta, imagino que surgiriam outras belezas raras como essa que encantariam o mundo.

Temos autores de inspiração ímpar. Ilustradores absurdamente criativos. Conheço alguns projetos interessantes que vão além da tinta impressa no papel. Mas ainda são incipientes. Desejo que em 2012 haja mais coragem e ousadia em nossa literatura infantojuvenil. Enquanto engatinhamos, sigo firme e forte pela floresta que Antoine Guilloppé plantou em minha biblioteca e no meu coração-leitor. Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Para um Dia das Crianças ainda mais feliz!!!

Quer uma dica para um Dia das Crianças mais feliz? Tá duto dentro do livro TODA CRIANÇA GOSTA, de Bia Hetzel e Mariana Massarani. CLIQUE AQUI e leia a resenha que publicamos em 2007. Para crianças de todas as idades!!! Recomendadíssimo!!! E FELIZ Dia das Crianças para todos!!! Hatuna Matata!!!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Como você lê um livro?

Há tempos eu não usava tantos sentidos na leitura de um livro como o fiz com O LIVRO NEGRO DAS CORES (Menena Cottin e Rosana Faría, Pallas). Impossível ficar indiferente ao seu conteúdo. Das possibilidades diversas de leitura contidas em suas páginas negras. Impossível não pensar naqueles que dizem que o livro vai acabar com a popularização dos e-books. Impossível não trazer esse livro para casa depois de tê-lo ao alcance das mãos.

Conheci a edição portuguesa em 2009 e descobri em junho passado que a Pallas iria publicá-lo por essas terras. Em novembro, encontrei a editora Cristina Warth na entrega dos prêmios literários da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro e ela falou com entusiasmo do carinho com que a Pallas estava preparando a edição brasileira. A edição estava à bordo de um navio, vindo da China. Isso só me deixou ainda mais curioso e ansioso.

Ao entrar numa livraria há duas semanas eu o encontrei. O coração bateu forte. Corri ao seu encontro. Queria saber dos amarelos, verdes e azuis de Tomás, personagem do livro. O encontrei mais belo, em capadura. Mergulhei os olhos no breu. Toquei nas penas, nos morangos e na chuva. Descansei no cinza das palavras. Ah, as palavras de Tomás. Para ele as cores tem sabor, textura, cheiro, som. Para mim também. É certo que para você não é diferente, amigo leitor. Mas, se você ainda não descobriu isso, deixe Tomás lhe mostrar como é. As autoras são venezuelanas e o livro ganhou o Prêmio Bologna Ragazzi de 2007, na categoria Novos Horizontes. Acho que não devo dizer mais. Surpreendam-se com o novo. Vocês verão quão intensa e diferente pode ser a experiência da leitura no "velho" suporte de papel. Parabéns à Pallas por continuar investindo em livros de qualidade.

Abaixo, convido vocês a descobrirem um pouco mais sobre o livro. O vídeo foi editado em Portugal, mas dá para entender muito bem. Boa "leitura". Hatuna Matata.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Baile do Jonas

Na sexta passada, dancei com caveiras no meio da tarde em pleno shopping center. E, se o tema parece assustador, garanto que me diverti bastante com a “performance” dos Djs – oops, autores – responsáveis pelo meu par: o livro O BAILE DAS CAVEIRAS: Jonas Ribeiro e Cris Alhadeff (Franco Editora). É certo que já dancei bastante – literalmente - ao lado dessa turma animada da Literatura Infantil. Mas uma das performances literais e inesquecíveis (há várias, acredite) foi a de Jonas, como cover de Sidney Magal num certo sarau, anos atrás.


Se você ainda não viu Jonas Ribeiro contando histórias (em que, por vezes, ele também dança) não sabe o que perdeu. Mas perdeu. Ele é um verdadeiro menestrel. Essa sua principal natureza, entre outras que carrega consigo. Ritmo, gestos, entonação, a pausa na hora certa para esperar o riso ou provocar o suspense, para arrancar o susto do fundo do peito do espectador. E não é só das crianças. Já o vi encantar uma centena de adultos ao interpretar, de cara limpa, O BORDADO ENCANTADO de Edmir Perrotti (ilustrado por Helena Alexandrino, Paulinas) – aliás, um livraço!!!

Jonas é, além de tudo, um homem generoso. Espelha isso em seus abraços e em suas ações: em nosso encontro mais recente, participando do projeto Grava Livro Aêh, em Porto Alegre (foto acima), ainda de mochila nas costas, Jonas não resistiu às crianças sentadas em frente ao ônibus-estúdio e tagarelou alguns travalínguas impossíveis que deixaram todos ainda mais felizes.


Em O BAILE DAS CAVEIRAS, Jonas escreve como quem conta uma boa históra. Labareda – o cão da família de Thiago (o menino-narrador da história) – não largou o osso, e eu não larguei o livro até chegar ao final. Nele encontrei os elementos para uma divertida história de terror: uma avó à beira da morte, a própria Morte, um cemitério, esqueletos, uma caixa misteriosa, gritos e Sidney Magal (???). A narrativa parece, mas não é linear. E esse jogo (em que o autor conta a mesma história por ângulos diferentes) dá um sabor especial ao texto.


Apesar do tema sombrio, as ilustrações de Cris Alhadeff mostram, já na capa, que há mais que suspense no livro de Jonas. Há sorrisos aqui e ali. Despertos pelo repertório de truques do contador de histórias. Gostei muito das ilustrações e gostaria até de dizer mais. Mas prefiro deixar o leitor brincar com elas sem saber aonde vai dar a viagem. Se não o fizer assim, posso ficar como o Zé Fuxico, desacreditado por toda a cidade, mesmo depois de ver o que viu. Só posso dizer que estou feliz com mais um livro de Jonas que não vai descansar na estante. Só peço a ele que avise quando for contar essa história por aqui, pois gostaria de vê-lo sacudindo os ossos, os juízos (poucos) e os sorrisos (muitos) das crianças. Hatuna Matata!!!

P.S. O livro saiu agorinha do forno e, talvez por isso, não o encontrei disponível nas livrarias virtuais para linká-lo nesse post. Mas vale a pena cobrar e/ou esperar um pouquinho para bailar com Jonas, Cris e suas caveiras.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Agualusa e Roedores de Livros em Brasília

A gente não sabia de nada. Foi a Denise Cantuária que mandou um recadinho no Facebook: - Não percam, queridos. O Agualusa vai estar em Brasília nessa quinta, 09/12!!! Pois é. A gente foi lá no Rayuella (um espaço cultural maravilhoso que mescla livraria, café, restaurante... tudo com muito bom gosto) encontrar o talentoso escritor angolano. Ele veio lançar o livro MILAGRÁRIO PESSOAL - que a gente trouxe para casa - e nós levamos de casa seu "infantil" O FILHO DO VENTO (ambos publicados pela Língua Geral e este último, com ilustrações de António Ole), um reconto de uma sensibilidade absurda que fala sobre o nascimento do amor, fruto do encontro do filho do vento com a mulher que criou as estrelas que ele adorava comer. Um aperitivo: "As estrelas brilham com suavidade porque são feitas de cinza morna. A cinza em que a menina mergulhou os dedos era de uma planta perfumada a que nós, os primeiros homens, chamamos !huim - e que gostamos de comer. As estrelas são perfumadas, mas só as girafas as conseguem provar, porque são animais muito altos. Arrancam as estrelas do céu e comem-nas. As girafas e os pássaros, claro".

Agualusa nos recebeu com um sorriso largo e com uma placidez de ourives. Deve ser por causa do trabalho delicado com que ele escolhe as palavras que compõem suas histórias. A noite seguiu na companhia dos amigos Amanda e Klecius. Só um detalhe destoou do clima perfeito daquele encontro: o Tino esqueceu a máquina fotográfica e os registros ficaram por conta da câmera do celular. Talvez tenha sido porque saímos de casa com o Filho do Vento para encontrar o seu criador. Pois que venham outros tantos encontros. Com ou sem máquina fotográfica. O encontro com amigos, com a boa palavra rende sempre um dia seguinte mais feliz. Hatuna Matata!!!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Em casa com Roseana e Elvira

Hoje voltei da livraria na companhia da arte de Roseana Murray, Sara Ávila e Elvira Vigna. A poesia apaixonada e criativa de FRUTA NO PONTO (il Sara Avila, FTD) me tomou ainda no café entre livros e não consegui largar a leitura antes da última página. Recomendo a todos os que reverberam amores pela vida e tem alguém com quem compartilhar esse amor. Daí não resisti à reedição de FARDO DE CARINHO, primeiro livro de Roseana Murray (ilustrações de Elvira Vigna, Lê) e seu mais recente lançamento (pelo menos para mim), CARTEIRA DE IDENTIDADE (Elvira Vigna, Lê). Não é preciso me estender aqui para falar da força inventiva da poesia de Roseana que ora diverte, ora acarinha, ora nos espanta pela beleza. Mas o projeto gráfico das duas edições da Lê, trazem a ARTE de Elvira Vigna como um plus. ADORO! Fardo de Carinho já era um clássico, mas de roupa nova está ainda mais bonito. Porém o que me tirou da cama agora para escrever no blog foi meu encanto com o novo livro, todo em preto e branco, ilustrações feito poesia rica de emoções para a gente colorir com o pensamento. Ou não. Carteira de Identidade é absurdamente belo desse jeito. Parabéns a todos os que se envolveram nessas obras de arte. Hoje a minha noite é de poesia. Que bom. Obrigado Roseana. Obrigado Elvira.

Ah, não vou dar nenhum aperitivo. Apenas as fotos das capas. Deixem de preguiça e procurem os livros numa livraria mais próxima e deixem a poesia, a fantasia, a literatura derramarem suas invencionices em seus olhos e emocionem-se. Hatuna Matata!!!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Tá barato pra caramba!!!

Pequenino (no formato) e precioso, o livro CONTOS DE FADAS (Zahar) reúne qualidade e preço acessível numa edição impecável, em capa dura. São 20 histórias traduzidas a partir do que possamos chamar de fontes "originais", traduzidas por Maria Luiza Xavier de Almeida Borges, e um prefácio de Ana Maria Machado.

Se o leitor procura uma obra com mais referências e comentários, pode arriscar alguns reais a mais e comprar a edição comentada, organizada por Maria Tatar e publicada pela mesma editora. Aliás, o novo livro é uma versão pocket dessa edição, obrigatória para quem deseja mergulhar mais fundo no universo dos contos de fadas. Um livrão pesado, ricamente ilustrado e repleto de informações extras.

Mas a leveza do lançamento também pesa em conteúdo. Os contos, organizados por autores (irmãos Grimm, Perrault, Andersen, entre outros), são precedidos por biografias de seus "criadores". Gostei do fato de o projeto apresentar duas versões do clássico Chapeuzinho Vermelho (uma de Perrault e outra dos Irmãos Grimm). Parecidas mas diferentes. Dá para notar diferenças de estilo e a preocupação dos irmãos Grim em amenizar o final de história. Outra coisa que encanta é a seleção de ilustrações, coloridas, de artistas renomados como Arthur Rackham, Walter Crane e Gustave Doré, por exemplo. Um brinde para o olhar.

Enfim, uma edição de bolso, luxuosa, com ótimas histórias que há muito não aparecem juntas num formato bem cuidado e acessível (menos de R$ 20). Obrigatório para quem deseja (re)descobrir sabores da infância, onde o impossível acontece e a fantasia ainda reina. São histórias escritas entre os séculos XVII e XIX que ainda nos encanta e emociona. Vale a pena. Hatuna Matata!!!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Melhor que olimpianos. Melhor que vampiros. Não tenha dúvida disso.

Queridos amigos. Em janeiro passado DEVOREI as quase mil páginas de Caçadores de Bruxas e Corações de Neve de um "gole" só. Por várias vezes sentei em frente ao computador para falar das emoções que senti. Do ORGULHO que senti de ler um jovem escritor brasileiro com tamanho talento. Não consegui achar as palavras de forma a expressar o meu espanto. Nessa madrugada, às vésperas do lançamento do terceiro livro da série Dragões de Éter (Círculo de Chuva) e mais uma vez sem achar as palavras certas, optei por reproduzir a resenha do blog de WILLIAN RABELO. Ela diz tudo o que eu gostaria de contar a vocês. Eu só diria um pouco mais, visto que esse é um blog que reverencia a boa literatura infantojuvenil: nos livros de Raphael Draccon você encontra - de um jeito MUITO diferente - personagens "conhecidos" como Chapeuzinho Vermelho, João e Maria e outras surpresas entrelaçadas como nunca vi antes. Estou certo que - e torço para que - no dia em que for publicado lá fora, Dragões de Éter fará um barulho ensurdecedor. Aproveite para ler antes de todo mundo - em português. OBRIGATÓRIO! Hatuna Matata.

A seguir, trecho da resenha escrita por Willian Rabelo sobre o segundo livro (Corações de Neve). Para ler na íntegra, CLIQUE AQUI.


Certo, essa resenha pode conter um ou mais spoilers e como talvez ela seja BEM longa, então, para você que não quer estragar a surpresa (ou não quer ler muito), aqui vai um Q&A rápido:

- O livro é bom?

- Sim.

- Você recomenda?

- Absolutamente.

- Preciso ler o anterior para ler este aqui?

- Não, mas se tiver lido vai ser BEM melhor.

- As histórias continuam?

- Sim e não. Elas continuam, mas se você não leu o anterior vai ter uma boa idéia do que aconteceu e não terá problemas para entender. Além do mais, existem histórias novas.

- É um livro infantil?

- Não.

- Infanto-Juvenil?

- Também não. (Embora a classificação literária correta seja essa)

- Que tipo de livro é?

- Daqueles que te fazem sonhar.

- Livros para adultos?

- Para qualquer pessoa. Para quem puder se permitir sonhar; seja pela primeira vez ou depois de muito tempo sem se lembrar como se sonha.

- É um livro para meninas?

- Sim.

- É um livro para meninos?

- Sim.

- É um livro sobre amor?

- Sim.

- É um livro sobre guerra?

- Sim.

- Se é isso tudo, o que ele não é?

- Uma oportunidade a ser desperdiçada.

- Vale à pena comprar?

- Sim. Mas compre dois. Um para você e outro para dar de presente. Não será apenas um presente, mas uma ação que pode mudar a vida de alguém.

E se você não quer ler spoilers, melhor parar por aqui. Pois demônios de Aramis sobrevoam nossas cabeças, reuniões secretas são realizadas, grupos voltam a se organizar e é agora, meus amigos, que a caça às bruxas voltará…

domingo, 1 de agosto de 2010

Lançamento do novo livro da Alessandra Roscoe

Aos amigos que estão em Brasília, o mês de agosto começa com muita festa:
Nesse DOMINGO, 01 de agosto, ALESSANDRA ROSCOE lança o livro HISTÓRIA PRA BOI CASAR (il Mariana Zanetti, Peirópolis), às 17h, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura Shopping Iguatemi (Lago Norte) em Brasília.


Vai ter festa dupla: Durante o lançamento, um show especial com Alessandra e cia (Orlando Neto (violão), Oswaldo Amorim (baixo) e Sergio Morais (flautas), e a participação especialíssima de integrantes do tradicional Bumba-meu-boi de Seu Teodoro.


A outra festa é a dos sentidos, que acontece quando a gente lê e ouve o livro-CD. A história do casamento do boi da cara amarela e seus convidados especiais ganhou um tratamento editorial muito especial. As colagens de Mariana Zanetti sob fundo preto saltam aos olhos com tanta cor e beleza. A fonte, recortada e digitalizada especialmente para o livro, é um show à parte. O CD, com a história musicada (sob direção artística de Orlando Neto), traz duas faixas (uma versão instrumental, pra gente soltar a voz) e reúne grandes músicos de Brasília para tocar no casamento do boi. Ah, e a solução para o encaixe do CD - um problema em edições desse porte - ficou muito boa. Deixa o disquinho bem preso.


Para os leitores mais atentos, o texto de Alessandra brinca o tempo todo com canções tradicionais da nossa infância. Se a meninada está pra lá de acostumada com o boi da cara preta, ela apresenta o seu boi da cara amarela. Para a festa, que aconteceu ao som da Banda do Serafim (quele da tuba), o sapo lavou o pé, a borboletinha saiu da cozinha e até a barata arrumou sete saias de filó, sem mentira alguma.


Não é fácil produzir um livro-CD em que tudo funcione. A turma da música vai gostar. E acho que as crianças também. Tiro por mim que sou da turma da música, além de um crianção, é claro! História pra boi casar é um dos melhores frutos do pomar de histórias que Alessandra vem plantando há alguns anos. E na festa de hoje, pode contar com a presença dos Roedores de Livros.

Ah, quase ia esquecendo: quem for ao lançamento, também poderá conhecer o novo espaço que a Livraria Cultura disponibiliza para espalhar cultura por essas bandas. O Teatro Eva Herz é SHOW!!! A gente se vê por lá!
Bora?

terça-feira, 6 de julho de 2010

O pequeno Nicolau foi ao cinema... e nós também...

Os livros do PEQUENO NICOLAU frequentam a toca dos Roedores de Livros há muito, muito tempo. Os textos insPIRADÍSSIMOS de René Goscinny e as ilustras geniais de Sempé são obrigatórias em qualquer estante de literatura, sem classificação estária. São para todos os leitores. Até aí, nenhuma novidade e se quiserem recordar, aqui no Roedores de Livros já postamos RESENHA SOBRE A OBRA.
O que é novo e maravilhosamente assustador para mim - frustrado com tantas adaptações incrivelmente inferiores aos livros que as inspiraram -, é que o filme O PEQUENO NICOLAU (em cartaz aqui em Brasília) é tão bom quanto os livros. Emociona, diverte, encanta. Diálogos ágeis, atores incríveis, música ótima... E mais não devo dizer. Vá ao cinema - se não chegou ainda à sua cidade - espere chegar às locadoras. Vale cada real investido. Assista e depois me conte. Hatuna Matata!!!


quinta-feira, 1 de julho de 2010

Delicadeza, sem perder a esperteza.

Não gosto de ler livros em PDF. Desde antes do Kindle e do Ipad chegarem por aqui. Deixo eles para o jornal, ou para outras leituras rápidas. Livro eu gosto de "ler pegando". Uso as duas mãos, finco o polegar embaixo, no meio das páginas... ah, as páginas... gosto de sentí-las. É uma experiência particular, . Meus amigos sabem disso. Em PDF só os que escrevo pois tenho que aprová-los mas... como saber da capa dura do Controle Remoto? E a genial descoberta ao abrir as orelhas de Topo Gigio de Cadê o Juízo do Menino? Bem tudo isso para dizer que finalmente encontrei um exemplar em papel de COBRAS EM COMPOTA, livro de Índigo, edição bacana, publicado pelo Ministério da Educação em 2006 pelo programa Literatura para Todos.

Desde quando li o primeiro livro dessa escritora paulista (A MALDIÇÃO DA MOLEIRA) tenho procurado por Cobras em Compota, dito por alguns próximos como um livro fantástico. Ontem à noite devorei o danado do livro com um sorriso nos lábios. Depois de uma desnecessária "Carta ao leitor" escrita por alguém do Ministério da Cultura, fui iluminado pelo prefácio - esse sim, de categoria - escrito por Marcelino Freire, do qual tirei o título desse post: "Para curar o mau humor. A dor nas costas. O peso do dia-a-dia. O cansaço. Aliviar o seu ar preocupado. Eis o antídoto (...)"

Uma vez, numa palestra em São Paulo, Luiz Raul Machado disse que Marina Colasanti era um Andersen de saia. Acho até que já escrevi isso: para mim, Índigo é Nelson Rodrigues desencarnado. Imagine o escritor carioca escrevendo para crianças e jovens. Mas Índigo escreve também para os maiores. Eu sou fã. Leio tudo dela que chega por aqui. Ainda não consegui achar o tom para escrever sobre os ótimos SAGA ANIMAL e UM DÁLMATA DESCONTROLADO, obrigatórios em qualquer biblioteca infantil.

COBRAS EM COMPOTA é assim: indispensável. Dezenas de contos curtíssimos, ágeis. Um relato de loucas memórias de uma infância pra lá de criativa. Cobras guardadas em potes gigantes de maionese expostos na Sala de Ciências da escola; traquinagens entre irmãos na mesa do jantar ou brincando com o gato e a tal psicologia infantil. O livro vai chegando ao fim e as memórias vão adolescendo. Obrigatório para as leitoras - não apenas juvenis -, os contos Notícias do Dromedário, O Que eu Aprendi com as Gorilas, O Pintinho e o Analista e O Peixe Dele. Índigo ainda brinca - a sério - com o mundo da literatura nos contos O Livro Pompom, A Biblioteca Silenciosa e Namorado e Medo de Piolho - este último reproduzido ao final do post.

O Ministério da Educação, através do site DOMÍNIO PÚBLICO disponibiliza o livro em PDF. Eu tentei baixá-lo hoje pela manhã. Segundo informado no site, já foram feitos 921 downloads. Quando eu cliquei, esperei uns 10 minutos e dos 9 megas só havia sido baixado 1,3. Achei que fosse minha internet. Não era. Tentei de novo. A caixa de download que se abriu informou que demoraria 25 minutos para baixar. Resolvi escrever o post e até agora, baixou pouco mais da metade. Desisti. Você pode ter melhor sorte. CLIQUE AQUI para baixar o arquivo.

Mas se você for como eu, avesso a ler livros em monitores, procure numa biblioteca pública perto da sua casa (não sei se foi disponibilizado "somente" para bibliotecas escolares) ou nos sebos virtuais. Não é possível encontrá-lo nas livrarias! Não sei como, mas num desses sítios famosos, encontrei há pouco, quase duas dezenas de Cobras em Compotas disponíveis para compra. O livro É MUITO BOM!!! Hatuna Matata!!!

NAMORADO E MEDO DE PIOLHO (texto de Índigo)

Livro não vende. Não vende porque as pessoas não lêem. E assim ficava, num eterno mantra de que nesse país ninguém lê. Certo dia resolvi tomar uma providência. Procurei uma creche comunitária e pedi uma turma de jardim. Meu raciocínio era que de nada adiantava ensiná-los a ler, se eles não entendessem para que servia a leitura.
Ganhei a turma. Entre 4 e 5 anos. Analfabetos de tudo, do jeito que eu queria. Comecei a ler para eles. Levei u8m monte de livros, fizemos uma roda e passamos várias tardes assim, eu lendo e eles prestando atenção, sem piscar, de tão curiosos. Foi comovente. Ia embora feliz, certa de que estava pegando gosto pela coisa.
"Você não tem medo de pegar piolho?", foi o único comentário do meu namorado.
Corta.
Seis meses depois, continuava me encontrando semanalmente com a turminha. No final da leitura eles pulavam em cima de mim, me abraçavam, me cobriam de beijos.
Nunca peguei um piolho sequer. O namorado dançou faz tempo.

terça-feira, 1 de junho de 2010

O craque da Copa do Mundo é Odilon Moraes

Quando se fala em Copa do Mundo de Futebol a primeira lembrança que tenho não é da Seleção Canarinho, mas da Argentina. Nasci em 1972 e, apesar de estar certo que assisti a alguma coisa da copa da alemanha em 74 a memória me falha completamente. Mas, com seis anos, em 1978, lembro perfeitamente daquela noite, na sala de casa, meu pai, minha mãe, amigos da família, o primeiro aniversário do meu irmão. Era 21 de junho. Um barulhão das conversas das pessoas apaixonadas por um Brasil que estava por vir e uma torcida alegre e otimista pela seleção peruana. Explico: para o Brasil se classificar para a final era necessário que a Argentina fizesse 4 ou mais gols de diferença.

A copa era na Argentina e, apesar da nossa torcida, a seleção peruana entregou o jogo perdendo por 6 x 0. O barulhão foi se aquietando a cada gol portenho. Uma tristeza gigante que eu ainda não entendia de onde vinha. Depois, o Brasil – que tinha em Rivelino o seu camisa 10 - ganhou da Itália por 2 x 1 e ficou com o terceiro lugar sem ter perdido uma partida sequer. Fomos campeões morais. Coisas do futebol. E eu estava com a camisa rubro-negra do meu time de coração.

Quatro anos depois, o Flamengo – meu time, depois do Fortaleza - já era campeão fluminense, brasileiro e mundial. Zico era o craque e dono da camisa 10 da Seleção brasileira – e eu vestia a mítica segunda camisa do mengão, branca. Ao lado de Sócrates, Falcão e companhia, o galinho de Quintino embalava o povo brasileiro num sonho repleto de futebol arte. Aquele sim foi o meu escrete favorito. E ainda hoje lembro como foi difícil descobrir de onde vinha aquela tristeza tão grande que dominara os amigos da família naquele 1978. O Brasil perdeu da Itália por 3 x 2, massacrado pelo camisa 20, Paolo Rossi. O segundo gol deles – num erro de passe infeliz de Toninho Cerezo ainda hoje me dá pesadelos.

Míope, dependendo dos óculos desde os 6 anos – daqueles “fundo de garrafa” – nunca fui um atleta fenomenal, embora tenha medalhas escolares em natação e handball - eu era goleiro!!! Lá pelos 12 anos ainda cultivava o sonho infantil de marcar um gol de cabeça. Naquele tempo eu era craque mesmo no violão - e em redação. Mas numa pelada no Clube Santana (em Sobradinho, BA) estava na área quando vi a bola chegar de um cruzamento. Parado estava, parado fiquei. Apenas fechei os olhos e inclinei a cabeça para receber a bolada. Aquilo doeu, mas foi bom. Fiz o gol da vitória e desde então, acho que nunca mais joguei uma partida. Virei torcedor profissional.

E é como torcedor que escolhi o meu craque da Copa do Mundo de 2010. Chama-se Odilon Moraes. Não sei se ele jogou futebol quando menino no interior paulista. Mas ele bate um bolão danado quando assume o ataque com um lápis na mão. Assim, ele resolveu contar uma história sobre o amor de um menino pela Seleção. Uma história em verde, amarelo, azul e branco. Uma m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a história com texto invisível.

Digo isso porque o texto - invisível no livro - está escrito na cabeça do leitor. Na sua, na minha, na de Odilon. Somos nós que colocamos as palavras, as vírgulas, as pausas. Somos nós que pasamos a história para a página seguinte e escolhemos a data e as personagens. O PRESENTE (Cosac Naify) é o gol de mão e cabeça (ao mesmo tempo) que Odilon nos oferece. E eu – que nunca tive uma camisa 10 autografada - vou levar a que ele desenhou para ganhar a sua assinatura no nosso próximo encontro. E será com ela que vou torcer para o Brasil ser campeão mais uma vez. Hatuna Matata.

P.S. As ilustrações acima (exceto a reprodução da capa do livro) são recortes das páginas do livro O PRESENTE. É preciso ler cada página por inteiro para que a arte de Odilon seja percebida em seu contexto original. Não as reproduzo por inteiro aqui para não estragar as surpresas do livro.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um pau-de-arara para Brasília

Queridos leitores, hoje à tardinha, em Brasília, o escritor João Bosco Bezerra Bonfim fará o lançamento do seu livro mais recente: UM PAU-DE-ARARA PARA BRASÍLIA. O evento, incomum, acontecerá em cima de um caminhão, em frente à Biblioteca Demonstrativa de Brasília (EQS 506/507, W3 Sul), a partir das 17h. No programa - que deve seguir até as 19h - além da minha participação como "Mestre de Cerimônia", vários convidados farão a leitura de trechos do livro e os repentistas Chico de Assis e João Santana improvisarão sobre os temas propostos - acerca da imigração do sertão para Brasília, o poeta cearense João Bosco, e a Literatura de Cordel. Enfim, música, poesia, improviso e literatura em cima de um caminhão. Estão todos convidados para essa confraternização.

O livro, publicado pela Biruta, com um projeto gráfico ousado, da Rex Design, sobre ilustrações de Alexandre Torres, conta - em versos - uma história de amor que precisou atravessar o interior do Brasil em cima de um Pau-de-Arara para acontecer no coração do Brasil, em 1960.

O texto da quarta capa já é um convite:

Serão quinze ou vinte dias?
Nem o motorista sabe.
Só sabe que muito pó
a cada um sempre cabe.
Mas, do sertão a Brasília,
Ninguém lhes bota empate.

Brasília, moça de coragem, embarcou
em um pau-de-arara para Brasília.
Assum preto, folheteiro, seguiu atrás.

Será possívelconstruir uma cidade
inteira de uma vez só? Os brasileiros
conseguiram, e Brasília já comemora
50 anos. Conheça também um pouco
da aventura que viveram os candangos.

João Bosco Bezerra Bonfim é um artista da palavra e da vida nordestina. Já escrevia livros primorosos usando como principal ingrediente a literatura de cordel, muito antes do boom desse gênero. São primorosos os livros Chronica de D. Maria Quitéria dos Inhamuns e Romance do Vaqueiro Voador. Dois de seus livros (O Soldadinho de chumbo em cordel e No reino dos preás, o rei carcará) integraram o Catálogo de Bologna 2010, publicado pela FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil). Dos escritores que moram no Distrito Federal, apenas ele e Lígia Cademartori integraram essa lista.

No livro que lança hoje, Bosco relata mais uma história de amor. Vai além. Aproveita o mote e apresenta ao leitor a aventura do sertanejo ao embarcar num caminhão, cruzando o sertão, em direção a um futuro desconhecido, semanas a fio comendo poeira na estrada até alcançar o coração do Brasil, no grande canteiro de obras que foi a construção da Capital Federal. Poesia, história, fantasia. Uma certeza: boa leitura. Hatuna Matata!!!