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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Dois Holocaustos

Sacrifício pelo fogo é o significado da palavra Holocausto. Por meio da leitura de dois livros, lembrei-me de um fato histórico e reconheci outro, tão histórico quanto o primeiro, mas que, com um porquê que ainda não sei responder do porquê ainda acontece.

O comentário que compartilharei aqui, pode soar exagerado, ofensivo, irrelevante, mas não é essa a minha intenção (desconsiderando que de intenção o inferno está cheio...), se trata de uma constatação, que me frusta, da qual não sei, e isso me leva a pensar mais a respeito, da origem dessa ideia, essa prática no dia a dia, onde é que se aprende a cometer o que estou chamando de “holocausto”.


O primeiro livro é intitulado Fumaça de Antón Fortes e Joanna Concejo, publicado no Brasil, em 2011, pela Editora Positivo. O livro é lindo! Cuja ilustração usa técnica simples, lápis, muito complexa, de uma sutileza e casa de uma forma muito perfeita com o texto que me soou aos ouvidos como se eu estivesse escutando a história, o relato, pela voz de outrem, pela voz do menino. É um livro que fez dessa leitora um escafandro a querer ir mais fundo, mais fundo. Mergulhei completamente. Relata a vivência no holocausto que nos é mais “conhecido”, no campo de concentração nazista, pela fala de um menino, uma criança.

Após o “Fumaça”, fui conhecer O leão Papa-desenhos, escrito por Beniamino Sidoti e ilustrado por GIanluca Foli. A ilustração é muito divertida! Usa de muitas cores! Acho incrível como podemos nos encantar com tanto entusiasmo por escritas e ilustrações tão diferentes! Em ambos, “Fumaça” e “O leão Papa-desenhos”, percebemos o cuidado do layout, são muito bem elaborados! Muito bem, voltando a atenção para o papa-leão, a história nos conta de um leão que gostava muito de desenhos de crianças! Comia muitos deles! (Inclui muitos, muitos, nisso!). As crianças mal acordavam e já se punham a desenhar para alimentar o tal felino, caso contrário, todos temiam de uma mudança de cardápio. #medo


Eis agora o segundo “holocausto” que menciono. Após a leitura do livro fiquei pensando instantaneamente no ato de transformar prazer em obrigação. Há! E quanto se faz disso nas escolas! Essas, infelizmente, usadas muitas vezes como “casas de chaminé” e não é as do tipo para Mary Poppins e Van Dick dançarem no telhado! Onde é que se aprende a obrigar a nós, (digo nós, pq todos já fomos crianças) a desenhar, a ler, a brincar como atividade obrigatória? Reconheci muitos professores e pedagogos nesse leão da história!
Esse é um holocausto velado e super cotidiano. Não tenho como falar de exceções aqui, então generalizando, expresso que já faz bom tempo que as escolas em virtude de seus equivocados sistemas de educação e todos que fazem parte dele (inclua-nos nessa, porque a sociedade civil também é responsável) vem matando aos montes algo muito precioso no ser humano: a criatividade.

Não me lembro de ver em currículos de licenciatura, magistério ou pedagogia, uma disciplina chamada: como matar a criatividade de alunos, mas de algum jeito isso já faz parte de muita didática por aí...talvez no mundo real fosse legal ter um leão que papasse essas noções equivocadas, esses inibidores, essa cegueira aprendida que se reproduz sem questionar, esse jeito de ensinar a não pensar ... antes, que a criatividade das crianças vire fumaça e Sócrates seja confundido com figurante de seriado americano! rs