sábado, 30 de maio de 2009

Aos curiosos desparafusadamente sem juízo...

Queridos amigos... a MANATI disponibilizou em seu site as primeiras páginas do CADÊ O JUÍZO DO MENINO, meu primogênito literário que está para nascer. Ilustrado por MARIANA MASSARANI, o danado já entrou em trabalho de parto, foi para a gráfica e está lá colocando seus parafusinhos para fora aos poucos, dando cambalhotas, chutando a prensa e gritando para todo mundo: QUERO SAIIIIIIRRRRRRRRRRR!!!

Se vocês quiserem dar uma olhadinha, acessem ESTE LINK.

Aviso: O início não entrega o jogo e - segundo minha querida amiga LÍGIA PIN - serve para aumentar a curiosidade. Assim que estiver dispponível para vendas on line eu aviso a todos. Hatuna Matata.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Tempo de Caju

Quando chegavam as férias de dezembro papai lotava a marajó com a família e enfrentávamos 12 horas de estrada para ir da Bahia ao Ceará. Era tempo de festa, de banho de rio, banho de mar, shopping center, cinema… era tempo de caju. Eu achava lindo quando a carro passava por Pacajus e via as margens da estrada apinhadas de grandes cajueiros e seus frutos coloridos.

Caju é fruto abundante no Ceará. Aliás, o fruto, mesmo, é a castanha. Ambos – castanha e carne do caju (o tal pseudofruto) - me deixam com água na boca. Aprecio também o suco, o doce em calda, cristalizado, a cajuína. Tem até hambúrguer de caju. O maior cajueiro do planeta tem suas raízes em solo potiguar. É uma árvore gigantesca, cheia de ramificações. Fui conhecê-la ano passado com meu pai e Pedro, meu filho. Mas era o mês de julho. Não era tempo de caju, que ocorre normalmente entre outubro a dezembro.

Dia desses fiquei surpreso ao encontrar belos e saborosos cajus em pleno mês de maio. Chegaram por email. Foram enviados por Socorro Acioli, menina do Ceará, rica em talentos na hora de contar histórias. Plantados por ela e pelo ilustrador Daniel Diaz, a safra de cajus que chegou por aqui foi comprada pelo Governo do Estado do Ceará, através do programa Alfabetização na Idade Certa, como forma de matar a fome de leitura dos pequenos alencarinos. 40 mil exemplares distribuídos na rede escolar estadual.

É isso mesmo que você entendeu: os cajus de Socorro e Daniel vieram em forma de livro. Chama-se TEMPO DE CAJU e conta uma bela história sobre como o curumim Porã se tornou um sábio cacique. O texto emociona e as ilustrações saltam aos olhos com suas cores ricas e traços com referências às pinturas indígenas. O livro não está à venda nas livrarias, mas você pode baixá-lo gratuitamente CLICANDO AQUI e descobrir que até mesmo os cajus virtuais têm seus sabores para bons leitores. Por aqui, não me canso de provar. Desfrute à vontade. Não dá indigestão. Hatuna Matata.

P.S.1 Socorro Acioli é autora de vários livros, dos quais O ANJO E O LAGO e A CASA DOS BENJAMINS foram resenhados neste blog.

P.S.2 Acredite, na primeira foto, toda aquela copa atrás de mim, pertence apenas a UM cajueiro.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ah, se eles pudessem escolher...

No início do projeto - nos idos de 2006 - decidimos que o projeto deveria fugir de qualquer proposta educacional - entenda-se escolar, professoral. O prazer de ler deveria vir sem as fichas literárias; sem a obrigação de aprovação ou reprovação por testes ou frequencia. Nós fazemos sim, um acompanhamento da turma para um controle interno, mas ali todos vão porque gostam. Mas nem sempre é assim. Por exemplo, no sábado, 16 de maio, pouca gente apareceu pois, devido à greve dos professores do GDF, houve reposição de aulas naquela data. Muita gente mandou recado pelos outros, que apareceram ou por que faltaram a aula ou por estudarem à tarde. Teve até bilhetes das mães. A novidade naquela manhã foi a presença sempre bem vinda do Célio, que andava afastado por motivos de força maior.

Estendemos o tapete no interior da Creche Comunitária da Criança, fizemos uma sessão de músicas incorporando novas canções no repertório e depois o Tino partiu para a mediação. A primeira leitura foi a do livro DIÁRIO DE UM GATO ASSASSINO (Anne Fine, com ilustrações de Sofia Balzola, Edições SM). O suspense foi acompanhado por todos, embora algumas crianças tenha achado a história um pouco longa demais. Mas insistimos com alguns textos maiores para exercitar a atenção da turma. De um modo geral, foi muito bom.

Na sequência, um livro diferente. EU ADORO CHOCOLATE (Davide Cali, com ilustrações de Evelyn Daviddi, Girafinha) é um livro que desperta sensações. Não traz uma história linear, mas abre o apetite por mostrar as cores, sabores e outras delícias do universo desta paixão universal. Foi ler e ouvir huuummmmms e nhaaaaaams!!! A cada frase, sempre uma criança se manifestava concordando ou não. Ótima leitura para interagir com os ouvintes.

Por fim, o terceiro livro daquela manhã foi COMO COMEÇA (Silvana Tavano, com ilustrações inspiradíssimas de Elma, Callis). Um texto sensível, feito sob medida para brincar com a fantasia dos pequenos. Não é à toa que recebeu o selo de Altamente Recomendável da FNLIJ. Um casamento perfeito entre palavra e imagem. Ao final da leitura, aplausos espontâneos das crianças. Já sabem reconhecer uma obra de arte.

Depois do lanche (bolo de chocolate com refrigerante), a euforia de sempre na escolha dos livros, a ida até a pista para ajudar a turma a atravessar a avenida, um bate papo sobre as impressões da manhã com Edna, Tino e Célio e as primeiras ideias para a semana seguinte. Ficamos com a impressão de que o dia seria ainda melhor se todas as crianças tivessem a liberdade para escolher o que fazer nas suas manhãs de sábado. Hatuna Matata.

Louco para andar na montanha russa...

Pois é gente... saiu a programação do 11º Salão FNLIJ e, é verdade, estarei lá como autor, lançando CADÊ O JUÍZO DO MENINO (com ilustrações da MARIANA MASSARANI, Editora MANATI) - que está ganhando forma na gráfica. Mariana estará lá e - espero eu - que Bia Hetzel e Silvia Negreiros também apareçam. Todos responsáveis pela belezura que ficou o livro.
O lançamento acontecerá na sexta feira, 19 de junho, as 15h, na Biblioteca para Crianças. Só de pensar dá um friozinho na barriga. Uma mistura de felicidade e apreensão. Coisa de quem vai ao parque de diversões, louco para andar na montanha russa e hesita por 30 segundos antes de cruzar a roleta. O Salão da FNLIJ acontece na Cidade Maravilhosa, no Centro Cultural da Ação da Cidadania, de 10 a 21 de junho. Estive no Salão nas suas duas últimas edições e espero - mais uma vez - reencontrar e fazer novos amigos, descobrir novas histórias e desparafusar o juízo em meio a tanta literatura. Pois, é... meu livro fala um pouco sobre isso. Estão todos convidados. A gente se encontra por lá. Abaixo, uma palhinha da quarta capa do livro.

CLIQUE AQUI para conferir toda a programação do 11º SALÃO FNLIJ.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Os melhores livros de 2008 segundo a FNLIJ

Foi no intervalo da palestra de Odilon Morais na Feira do Livro de Porto Alegre de 2008 que ele me chamou para mostrar o livro que guardava com carinho, orgulho e felicidade na sua pasta. Peguei o livro, pedi licença e fui ter uns minutinhos a sós com O GUARDA CHUVA DO VOVÔ (Carolina Moreyra, com ilustrações de Odilon Morais, DCL). Um livro delicado, repleto de sabores da minha infância (quintais, férias na casa dos avós e muita, muita saudade).

Odilon sorriu com os olhos quando me viu arrepiar ao final do texto poético da sua esposa. Ficamos em silêncio até ele retomar o livro e me perguntar as impressões. Falei pouco, mas foi impossível não comentar a beleza da última ilustração. Ele confessou que - assim como para encontrar a solução final de O MATADOR (Wander Pirolli, Leitura) - queimou muitos neurônios para - inspirado num outro artista, resolveu a ilustração.

Ainda em 2007 eu e Ana Paula ouvimos falar de ZOO, livro com frases do genial João Guimarães Rosa, acerca do mundo animal, compiladas por Luiz Raul Machado, ilustrada por Roger Mello, que também assina o projeto gráfico). Roger estava - assim como aconteceu com ZUBAIR - acertando os detalhes gráficos para a impressão do livro tão original no formato. O homem é um gênio na arte de ilustrar. Mas seu talento para criar livros "diferentes" é um espanto. (Veja o Zoo aberto na foto abaixo).

Pois estes dois livros (O Guarda Chuva do Vovô e Zoo) estão entre as 16 publicações laureadas com o título O MELHOR PARA CRIANÇA ou O MELHOR PARA JOVEM, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), para livros publicados em 2008. O Guarda Chuva do Vovô ganhou em duas categorias (Criança e Escritor Revelação). Zoo ganhou como Projeto Editorial. A lista de livros premiados da FNLIJ é esperada ansiosamente por todo o mercado pois ajuda a alavancar vendas e reconhece o trabalho árduo de vários profissionais envolvidos na produçào do livro.

Dos livros da lista, 14 fazem parte da estante dos Roedores de Livros. Ontem, numa visita a uma livraria, trouxe Kafka e a boneca viajante (Jordi Sierra i Fabra, Martins), mas ainda não o li. Vamos aos outros premiados:
Rabisco (Michele Iacocca, Ática) venceu na categoria Imagem (livro sem texto);
O Livro Inclinado (Peter Newel, Cosac & Naify) venceu na categoria Traduçào Adaptação / Criança;
O Gato e o Escuro (Mia Couto, com ilustrações incríveis de Marilda Castanha, Cia das Letrinhas) venceu na categoria Literatura em Língua Portuguesa;
Um Livro de Horas, preciosa edição bilíngue com poemas de Emily Dickinson traduzidos e ricamente ilustrados por Ângela-Lago (Ática) venceu como Melhor Ilustração;
As 14 pérolas da Índia em que Ilan Brenmann escreve ótimas histórias cheias de sabedoria (ilustrado por Ionit Zilbermann, Brinque Book) ganhou na categoria Reconto;
Histórias da Avó (Burleigh Muten, com ilustrações de Sian Bailey), um livro belo e cheio de ótimas histórias sobre mulheres sábias, venceu na categoria Tradução / Adaptação Reconto;
O Menino Poeta (Henriqueta Lisboa, Peirópolis) ganhou nova e premiada edição com ilustrações e projeto gráfico assinados por Nelson Cruz, o que tornou este um livro ainda mais rico, venceu na categoria Poesia;
O Fazedor de Velhos, de rodrigo Lacerda, que me encantou com sua história sobre a busca de um jovem por sua identidade (ilustrações de Adrianne Gallinari, Cosac & Naify) é o melhor para o Jovem;
Pelos Jardins Boboli (Rui de Oliveira) foi o grande lançamento no Salão da FNLIJ do ano passado. É um primor em informações sobre a arte de ilustrar cercado de um projeto gráfico ousado e belíssimo. Ganhou como melhor Teórico;
O Almanaque Machado de Assis também veio na mala de livros que trouxemos para casa depois do Salão da FNLIJ. Luiz Antônio Aguiar conseguiu compilar de forma original a vida e obra do Bruxo do Cosme Velho num ano (2008) em que outras tantas obras falaram sobre Machado de Assis, vencendo na categoria Informativo;
E O Livro das Perguntas, tradução de Ferreira Gullar para texto clássico de Pablo Neruda com fotografias da arte de Isidro Ferrer, numa edição caprichisíssima da Cosac & Naify, venceu também na categoria Poesia (tradução, imagino). Presenteamos cinco amigos com esta edição.

Saiba mais sobre outros livros premiados e sobre o 11º Salão FNLIJ (que acontecerá em junho) visitando o SITE DA FNLIJ.

Se esta seleção servir de estímulo para visitar a livraria, já valeu à pena escrever este post. Boa leitura. Hatuna Matata.

Tiririca, sombra e história fresca...

A tiririca tomava conta da grama em frente do Centro Comunitário da Criança. Ano passado, muitas atividades do projeto aconteceram ali. No sábado, 09 de maio, o sol estava pedindo para ouvir umas histórias e o Wellington (funcionário da creche) se prontificou a aparar um cantinho para a leitura lá fora.

Todos acomodados no tapete - que ficou pequeno naquela manhã - esperamos somente o fim do barulho do cortador de grama para começar as atividades. Quis saber da turma quem tinha lido os livros daquela semana. Uns disseram que sim, outros disseram que não. Outros - como o Mateus - fizeram um resumo da sua leitura.

O primeiro livro da mediação foi Bicos Quebrados (Nathaniel Lachenmeyer, Global). Num primeiro momento, as crianças também desprezaram o personagem principal. Foi muito bonito ver a virada da percepção da turma. O livro pescou o interesse de todos. Sucesso total. Escolhemos alguns contos de A Formiga Aurélia e Outros Jeitos de Ver o Mundo (Regina Machado, Cia das Letrinhas). O livro, divertido e inteligente, também prendeu a atenção da turma. A Princedinha Medrosa (Odilon Morais, Cosac & Naify) foi a última leitura daquele dia. No meio de tantos medos, a turma gostou muito das ilustrações do autor. O livro ficou ainda menor para tantos olhares.

Depois, como de costume, abrimos a CAIXOTECA e deixamos todos bem à vontade para escolher uma leitura ali na hora e para levar para casa. É sempre uma festa. Os mais velhos lêem para os mais novos, trocam livros entre si, fazem uma leitura solitária.

O livro é o centro das atenções. Sacolas penduradas com dois livros para cada criança. Uma semana para descobrir as histórias. E a gente volta pra casa feliz. Esperando chegar o próximo encontro.

Felizes, porém cansados.
Hatuna Matata!!!

segunda-feira, 18 de maio de 2009

O primeiro livro a gente nunca esquece...


Hoje recebi a notícia que foi o melhor presente que um Roedor de Livros poderia receber no dia do seu aniversário:

A editora informou que NESTA SEGUNDA, 18 de maio, os arquivos do meu PRIMEIRO LIVRO vão para a gráfica. O primogênito intitula-se CADÊ O JUÍZO DO MENINO, ganhou asas nas ilustrações absurdamente geniais de MARIANA MASSARANI e ninho nos braços carinhosos e competentes da equipe da MANATI. O projeto ficou LIIIINNNDDDOOOOOOOOOOOOOO!!! Aqui em casa tá uma festa só. E eu não poderia fazer outra coisa que não dividir essa alegria com vocês.

Aos poucos, vou contando sobre o livro, como e quando a ideia surgiu, a emoção de receber um telefonema da editora, a ansiedade, o silêncio – para evitar o mau olhado – até chegar hoje e poder desembrulhar a notícia e distribuir entre os amigos. Por enquanto deixo só a capa para vocês irem acostumando o olhar…

O lançamento acontecerá daqui a um mês, 19 de junho, 15h, no CENTRO CULTURAL AÇÃO DA CIDADANIA, durante o 11º Salão FNLIJ, no Rio de Janeiro. Acho que depois disso ele estará à venda nas livrarias e na internet. Lançaremos também em Fortaleza, Sampa e Porto Alegre – confirmo as datas logo, logo.
Hauna Matata!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Criança dá trabalho!!!

Às vezes, olhando as fotos, até eu imagino que no projeto tudo é muito fácil, que as crianças não dão trabalho, que se comportam na hora de ouvir uma boa história, que são quase santas. Mas não se esqueçam: elas são crianças!!! Alguns dias querem mais é brincar, querem mais é zoar com o outro, querem mais é o lanche, querem mais outra coisa que não a leitura. Fazer o quê? Às vezes, vem tudo junto. Foi mais ou menos isso o que aconteceu na manhã de sábado, 02 de maio.

Naquele dia, recebíamos a visita ilustre do querido Rafael Cordeiro (na foto acima), amigo dos livros, amigo dos Roedores de Livros, universitário, funcionário da Livraria Cultura de Brasília, um dos responsáveis por indicações das novidades literárias que muitas vezes levamos para tomar café ali mesmo, na loja, e - outras tantas - depois do café, levamos para casa.

Mas sabemos que Arnaldo Antunes tem toda razão ao dizer que: "Criança não trabalha! Criança dá trabalho!!!". Quando o projeto foi acontecer na Ceilândia (DF), em 2007, nós éramos todos verdes no trato e maduros na teoria. Muitas vezes pensamos em desistir da leitura no meio da história, em gritar mandos e desmandos, em juntar os livros e voltar para casa. Sim, somos passíveis de erros. Mas, apesar das intempéries, aprendemos a seguir na tempestade com um mínimo de senso de direção. Com o tempo, descobrimos que é o amor pelas crianças que nos move, antes mesmo do desejo de espalhar o gosto pela leitura.

Nossas crianças são ricas em fantasias e problemas. Tem a que repetiu o ano; o que, envergonhado, cala o fato de não ter telefone; a que aparece sempre com a ficha sem a assinatura da mãe ou responsável (mas vai toda semana - Tia, eu esqueci!!!); o que leva livro para o pai ler; a que ainda não sabe ler, mas finge muito bem; o que chega sempre atrasado e com sono pois a mãe trabalha até tarde da noite, em casa, na mais antiga profissão do planeta; enfim, um mar de histórias, nem sempre felizes. E a gente precisa de paciência e sabedoria (escrever isso aqui é até fácil - ao vivo é bem diferente) para lidar com os imprevistos de comportamento. Na verdade achamos que um psicólogo seria uma grande aquisição para o grupo.

Desculpem o desabafo, mas é que naquele sábado a turma estava particularmente dispersa, motivados por uma criança que tem testado nossos limites desde o início das atividades deste ano. Clama sempre por atenção e, com isso, atrapalha o rendimento de todos. Mas sabemos que o que lhe falta é carinho. Vale à pena conquistar pelo amor e respeito. Esperamos que ele não desista de nós.

Depois de abusar da paciência de vocês com este desabafo, gostaria de dizer que antes da dispersão o Tino orquestrou uma mediação cheia de "puns" coletivos na leitura do divertido O HOMEM QUE SOLTAVA PUM (Mário Prata, com ilustrações de Patrício Bisso, Caramelo). As crianças adoram temas escatológicos. Eu fiquei com a mediação de VIVIANA, RAINHA DO PIJAMA (Steve Webb, Salamandra). Foi aí que a dispersão se deu, não por causa do livro - que é ótimo para se contar. Foi difícil retomar o controle, mas consegui contar a história e a maioria se divertiu muito tentando advinhar os pijamas dos convidados da festa da protagonista. UFA!!!

Depois de renovadas as fichas, retomamos os empréstimos de livros e, sob o controle da Edna, cada um do grupo levou dois livros para ler em casa. Semana que vem a gente vai saber deles as primeiras impressões dessas leituras. Fizemos ainda a segunda reunião do Clube de Leitura com os mais "velhos". Mas quero escrever sobre o Clube numa outra ocasião. Por fim, para descontrair, Tino encerrou as atividades daquele dia com uma série de brinquedos cantados como o Andar de Trem e o ensurdecedor Scubidú. Mais do que nunca: Hatuna Matata!!!

P.S. Valeu a visita, Rafael!!! E os biscoitos estavam de-li-ci-o-sos!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Sabor não é só para comida.

É difícil imaginar que uma criança, nos dias de hoje, possa sentir tanto a falta dos livros como a pequena Sayuri sentiu. Mas, naqueles longínquos tempos da Segunda Guerra Mundial, o máximo de entretenimento para a família era um aparelho de rádio (a TV só chegaria nos anos 50). Na colônia japonesa, era o livro que convidava a menina para brincar. E ela se divertia mesmo sem saber ler. A mãe, sempre atarefada, descobria um tempo e lia para Sayuri.

Mas o conflito – que colocou o Brasil e o Japão em lados opostos – fez com que a família da pequena Sayuri, imigrantes japoneses morando no interior de São Paulo, por medo de alguma retaliação, guardasse os livros de uma forma segura e original: escondendo-os debaixo da terra.

Parece um enterro. Mas ninguém morreu. No quintal. O sol bate forte no buraco cavado debaixo do abacateiro. As galinhas ciscam no monte de terra, como se tivessem descoberto uma mina de minhocas. As nuvens passeiam com preguiça. Nada de chuva. Se chovesse, tudo ficaria para outro dia”.

Assim começa o MARAVILHOSO Os Livros de Sayuri (texto e ilustrações de Lúcia Hiratsuka, Edições SM). Tudo aconteceu de repente. E logo quando a menina ia aprender a ler na escola. Um desejo que crescia no seu pensamento:

Escola. Não importava qual, eu queria aprender a ler. Imagina, não ter que esperar os bichinhos dormirem, não ter que esperar minha mãe arrumar um tempo. Ler tudo sozinha? Tanta coisa eu saberia… Até o que acontece do outro lado do mundo. Era a melhor coisa. Melhor que goiaba madura? Quem sabe.

Mas ainda houve tempo de Sayuri esconder um livro dentro do seu colchão. O livro que era como uma herança da família. Sua avó deu de presente à sua mãe quando esta ainda era criança. Agora, estava prometido à Sayuri. Vez em quando, sozinha, a menina folheava seu precioso segredo e imaginava o seu conteúdo.

Tem traço que parece uma montanha, outro lembra um rio, ou será uma chuva? Uma árvore? Talvez galhos? Muitos não parecem nada. Viro o livro. Olho de ponta-cabeça. Uma das letras parece alguém dando cambalhota. E o que está escrito na capa do meu livro? Agora que as aulas vão começar, vou saber logo, logo.

Começaram as aulas de Sayuri. À noite e às escondidas. Enquanto isso, descobri os sabores do livro de Lúcia Hiratsuka. Tantos. Provei do medo das crianças ao deparar com duas luzes misteriosas no meio da noite na estrada de volta para casa, margeada por um enorme capinzal, árvores gigantes e pios de corujas. Gosto de murici guardada na geladeira. Provei da excitação de descobrir ao lado da personagem as primeiras palavras em japonês (sol e lua). Gosto de pudim de leite condensado com muita cobertura de caramelo.

A história, repleta de sentimentos, transmite ao leitor o cotidiano de uma família imigrante japonesa em solo brasileiro. Mostra uma menina descobrindo e se encantando com segredos de um livro. Mais ainda: mostra particularmente a importância que o universo dos livros tem para a criança, independente da sua origem. Lúcia Hiratsuka escreveu uma história de amor ao objeto livro, sujeito das nossas fantasias.

Sayuri aprendeu com o pai que Sabor não é só para comida. Os Livros de Sayuri é assim, cheio de sabores. Como um Merengue de Morango. Massa de bolo, regada com calda caramelada, pedaços de suspiro e morangos frescos. E eu nem falei das ilustrações do livro, em grafite. De uma beleza, delicadeza e importância no projeto, dando um toque especial à receita, como o chantilly no Merengue. Um livro daqueles que, certamente, eu não deixaria enterrar. Esconderia dentro do colchão, sem dúvida alguma. Hatuna Matata.

P.S. Ana Paula Bernardes e Lucia Hiratsuka no Seminário Prazer em Ler (2007).

P.S.2 Para os mais curiosos, Sayuri – nome da personagem principal deste livro – significa Flor-de-lis.

P.S.3 VEJA AQUI mais Lucia Hiratsuka nos Roedores de Livros.

P.S.4 Ah... quase ia me esquecendo, foi em Os Livros de Sayuri que aprendi o significado de SAKURA.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

3 anos de Roedores de Livros!!!

Em 2006, o dia 06 de maio caiu num sábado. Naquela manhã acordamos cedo (eu, Tino, Juliana e Vilma) e, sem saber ao certo no que ia dar, começamos as atividades dos Roedores de Livros. Hoje, exatos três anos depois, continuamos sem saber ao certo no que vai dar o projeto. O horizonte parece sempre mais amplo. O certo é que não nos falta vontade de fazer o melhor possível para que o livro e a literatura infantil façam parte cada vez mais do cotidiano de um número maior de crianças. Nosso trabalho é voluntário e para que efetivamente funcione, o mais importante aqui é a disposição. Para doar tempo, para não temer o abraço, para exercitar a paciência e, sempre, para aprender. Enfim, hoje comemoramos mais um aniversário. Que venham outros e que possamos compartilhá-los aqui, com os leitores do blog. Para os mais curiosos, LEIAM AQUI o primeiro post, publicado no dia seguinte à nossa estreia. Obrigado a todos que nos ajudaram a contruir estes primeiros capítulos. Hatuna Matata!!!